"O Espiritismo respeita todas as religiões e doutrinas, valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou social. Reconhece, ainda, que “o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.

sábado, 15 de setembro de 2012

ESPIRITISMO E POLÍTICA


ESPIRITISMO E POLÍTICA

Haverá alguma relação entre espiritismo e política? Esta é uma pergunta que em muitos lugares temos lido e para a qual há sempre uma resposta negativa: espiritismo nada tem a ver com Política. No entanto, tais respostas apressadas e, muitas vezes, vazadas em preocupante tom de que seja até "um pecado", são frutos de desinformação e de preconceitos consagrados.

Sob o aspecto filosófico, o espiritismo tem a ver e muito com a Política, já que esta deve ser a arte de administrar a sociedade de forma justa. Em sua obra básica, O Livro dos Espíritos, o espiritismo consagra 405 questões, ou seja, da pergunta n.° 614 a 1018, para tratar das Leis de Adoração, Trabalho, Reprodução, Conservação,Destruição, Sociedade, Progresso, Igualdade, Liberdade e Justiça, Amor e Caridade. Tais questões envolvem, portanto, o homem no seu relacionamento com o Criador da vida, com o planeta em que vive, com seus semelhantes, com as sociedades de que participa.

Logo, sob o aspecto filosófico, o espiritismo apresenta normas políticas. O que não se deve, nem se pode, é confundir essa visão política com a política partidária, ou seja, a política aplicada que os homens devem exercitar nos núcleos, nas agremiações partidárias.

Tais partidos são resultantes de ideologias, de objetivos, de programas, de estatutos estabelecidos em agrupamentos de determinados homens que visam, de uma forma ou de outra, realizar normas políticas ideais, ou seja, pretendem a execução na sociedade dos princípios, das normas apresentadas filosoficamente pela política. Assim, jamais o espiritismo, como Doutrina, e o movimento espírita, como prática, poderão dar guarida a um partido político em seu seio, por exemplo: Partido Social Espírita, Partido Espírita Cristão etc.

Porém, as implicações dos princípios e normas políticas contidas na Terceira Parte — Das Leis Morais — de O Livro dos Espíritos, codificado por Allan Kardec, são muito amplas e profundas na sociedade humana. Por isso, o espírita deve ser consciente e lúcido na compreensão dessas normas e princípios, a fim de que sua participação na sociedade seja consentânea com tal visão política, e que, necessariamente, impõe exercitar a Justiça, o Amor e a Caridade.

Esse entendimento é necessário ao espírita, pois, conscientemente ou não, ele tem uma prática política, considerando-se que a própria participação na sociedade é uma participação política. O homem, por sua natureza, é um ser social: associa-se aos seus semelhantes para criar os bens necessários ao seu desenvolvimento. Dentre esses bens, alguns lhe são garantidos pelo agrupamento doméstico, outros são colocados em disponibilidade por outras instituições, também por ele criadas, a fim de satisfazerem suas necessidades de natureza social, econômica, cultural e religiosa, como a escola, a empresa, o clube, a Igreja etc.

Daí a afirmação de Aristóteles: "O homem é um animal político". O espiritismo demonstra, também, em sua obra básica, já citada, a necessidade da participação do homem na sociedade, pois o homem tem que progredir, e isolado ele não tem condições disso, já que seu progresso depende dos bens que lhe são oferecidos pela família, pela escola, pela religião e demais agências sociais. Por isso os homens dependem uns dos outros, foram criados para viver em sociedade e não isolados.

Assim, as pessoas, as famílias e as instituições sociais necessitam da paz baseada na justiça, na ordem e na segurança e de condições para a realização
do bem comum. Para tanto, os homens associam-se em entidades mais amplas, gerando a sociedade política, personificada no Estado que, desta forma, se torna o responsável pelo bem de todas as pessoas.

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