Quem é Chico Xavier
Francisco de Paula Cândido
Xavier, conhecido como Chico
Xavier (Pedro Leopoldo, 2 de abril de 1910 — Uberaba, 30 de junho de 2002),
foi um médium e um dos mais importantes divulgadores do espiritismo no Brasil.
O seu nome de batismo Francisco de Paula Cândido, em homenagem ao santo
do dia de seu nascimento, foi substituído pelo nome paterno de Francisco
Cândido Xavier logo que psicografou os primeiros livros, mudança
oficializada em abril de 1966, quando chegou da sua segunda viagem aos Estados
Unidos.
Primeira infância
Nascido no seio de uma família
humilde, era filho de João Cândido Xavier, um vendedor de bilhetes de loteria,
e de Maria João de Deus, uma dona de casa católica. Segundo biógrafos, a mediunidade
de Chico teria se manifestado pela primeira vez aos quatro anos de idade,
quando ele respondeu ao pai sobre ciências, durante conversa com uma senhora
sobre gravidez. Ele dizia ver e ouvir os espíritos e conversava com eles.
Os abusos da madrinha
A mãe faleceu quando Francisco
tinha apenas cinco anos de idade. Incapaz de criá-los, o pai distribuiu os nove
filhos entre a parentela. Nos dois anos seguintes, Francisco foi criado pela
madrinha e antiga amiga de sua mãe, Rita de Cássia, que logo se mostrou uma
pessoa cruel, vestindo-o de menina e batendo-lhe diariamente, inicialmente por
qualquer pretexto e, mais tarde, sob a alegação de que o "menino tinha o diabo
no corpo".
Não se contentando em açoitá-lo
com uma vara de marmelo, Rita passou a cravar-lhe garfos de cozinha no ventre,
não permitindo que ele os retirasse, o que ocasionou terríveis sofrimentos ao
menino. Os únicos momentos de paz que tinha consistiam nos diálogos com o
espírito de sua mãe, com quem se comunicava desde os cinco anos de idade. O
menino viu-a após uma prece, junto à sombra de uma bananeira no quintal da
casa. Nesses contatos, o espírito da mãe recomendava-lhe "paciência,
resignação e fé em Jesus".
A madrinha ainda criava outro
filho adotivo, Moacir, que sofria de uma ferida incurável na perna. Rita
decidiu seguir a simpatia de uma benzedeira, que consistia em fazer uma criança
lamber a ferida durante três sextas-feiras em jejum, sendo a tarefa atribuída
ao pequeno Francisco. Revoltado com a imposição, Francisco conversou novamente
com o espírito da mãe, que o aconselhou a "lamber com paciência". O
espírito explicou-lhe que a simpatia "não é remédio, mas poderia aplacar a
ira da madrinha", esta sim passível de colocar em risco a sua vida. Os
espíritos se encarregariam da cura da ferida. De fato, curada a perna de
Moacir, Rita de Cássia melhorou o tratamento dado a Francisco.
A madrasta
O seu pai casou-se novamente e a
nova madrasta, Cidália Batista, exigiu a reunião dos nove filhos. Francisco
tinha então sete anos de idade. O casal teve ainda mais seis filhos. Por
insistência da madrasta, o menino foi matriculado na escola pública. Nesse
período, o espírito de Maria João parou de manifestar-se. O jovem Francisco,
para ajudar nas despesas da casa, começou a trabalhar vendendo os legumes da
horta da casa.
Na escola, como na igreja, as
faculdades paranormais de Francisco continuaram a causar-lhe problemas. Durante
uma aula do 4º ano primário, afirmou ter visto um homem, que lhe ditou as
composições escolares, mas ninguém lhe deu crédito e a própria professora não
se importou. Uma redação sua ganhou menção honrosa num concurso estadual de
composições escolares comemorativas do centenário da Independência do Brasil,
em 1922. Enfrentou o ceticismo dos colegas, que o acusaram de plágio, acusação
essa que sofreu durante toda a vida. Desafiado a provar os seus dons, Francisco
submeteu-se ao desafio de improvisar uma redação (com o auxílio de um espírito)
sobre um grão de areia, tema escolhido ao acaso, o que realizou com êxito.
A madrasta Cidália pediu a
Francisco que consultasse o espírito da falecida mãe dele sobre como evitar que
uma vizinha continuasse a furtar hortaliças e esta lhe disse para torná-la
responsável pelo cuidado da horta, conselho que, posto em prática, levou ao fim
dos furtos. Assustado com a mediunidade do jovem, o seu pai cogitou em
interná-lo.
O padre Scarzelli examinou-o e
concluiu que seria um erro a internação, tratando-se apenas de "fantasias
de menino". Scarzelli simplesmente aconselhou a família a restringir-lhe
as leituras (tidas como motivo para as fantasias) e a colocá-lo no trabalho.
Francisco, então, ingressou como operário em uma fábrica de tecidos, onde foi
submetido à rigorosa disciplina do trabalho fabril, que lhe deixou sequelas
para o resto da vida.
No ano de 1924, terminou o antigo
curso primário e não mais voltou a estudar. Mudou de trabalho, empregando-se
como caixeiro de venda, ainda em horários extensos. Apesar de católico devoto e
das incontáveis penitências e contrições prescritas pelo padre confessor, não
parou de ter visões e nem de conversar com espíritos.
O contato com a doutrina espírita
Em 1927, então com dezessete anos
de idade, Francisco perdeu a madrasta Cidália e se viu diante da insanidade de
uma irmã, que descobriu ser causada por um processo de obsessão espiritual. Por
orientação de um amigo, Francisco iniciou-se no estudo do espiritismo.
No mês de maio desse mesmo ano,
recebeu nova mensagem de sua mãe, na qual lhe era recomendado o estudo das
obras de Allan Kardec e o cumprimento de seus deveres. Em junho, ajudou a
fundar o Centro Espírita Luiz Gonzaga, em um simples barracão de madeira de
propriedade de seu irmão. Em julho, por orientação dos espíritos seus mentores,
iniciou-se na prática da psicografia, escrevendo dezessete páginas. Nos quatro
anos subsequentes, aperfeiçoou essa capacidade embora, como relata em nota no
livro Parnaso de Além-Túmulo, ela somente tenha ganho maior clareza em
finais de 1931.
Desse modo, pela sua mediunidade
começaram a manifestar-se diversos poetas falecidos, somente identificados a
partir de 1931. Em 1928, começou a publicar as suas primeiras mensagens
psicografadas nos periódicos O Jornal, do Rio de Janeiro, e Almanaque
de Notícias, de Portugal.
As primeiras obras
Em 1931, em Pedro Leopoldo,
iniciou a psicografia da obra Parnaso de Além-Túmulo. Esse ano, que
marca a "maioridade" do médium, é o ano do encontro com seu mentor
espiritual Emmanuel, "...à sombra de uma árvore, na beira de uma
represa..." (SOUTO MAIOR, 1995:31). O mentor informa-o sobre a sua missão
de psicografar uma série de trinta livros e explica-lhe que para isso são lhe
exigidas três condições: "disciplina, disciplina e disciplina".
Severo e exigente, o mentor
instruiu-o a manter-se fiel a Jesus e a Kardec, mesmo na eventualidade de
conflito com a sua orientação. Mais tarde, o médium conheceu que Emmanuel havia
sido o senador romano Publio Lêntulus, posteriormente renascido como escravo e
simpatizante do cristianismo e que, em reencarnação posterior, teria sido o
padre jesuíta Manuel da Nóbrega, ligado à evangelização do Brasil.
Em 1932, foi publicado o Parnaso
de Além-Túmulo pela Federação Espírita Brasileira (FEB). A obra, coletânea
de poesias ditadas por espíritos de poetas brasileiros e portugueses, obteve
grande repercussão junto à imprensa e à opinião pública brasileira e causou
espécie entre os literatos brasileiros, cujas opiniões se dividiram entre o
reconhecimento e a acusação de pastiche. O impacto era aumentado ao se saber
que a obra tinha sido escrita por um "modesto escriturário" de
armazém do interior de Minas Gerais, que mal completara o primário. Conta-se
que o espírito de sua mãe aconselhou-o a não responder aos críticos.
Os direitos autorais das suas
obras são concedidos à FEB. Nesse período, inicia a sua relação com Manuel
Quintão e Wantuil de Freitas. Ainda nesse período, descobriu ser portador de
uma catarata ocular, problema que o acompanhou pelo resto da vida. Os espíritos
seus mentores, Emmanuel e Bezerra de Menezes, orientam-no para tratar-se com os
recursos da medicina humana e não contar com quaisquer privilégios dos
espíritos.
Continuou com o seu emprego de
escriturário e a exercer as suas funções no Centro Espírita Luís Gonzaga,
atendendo aos necessitados com receitas, conselhos e psicografando as obras do
Além. Paralelamente, iniciou uma longa série de recusas de presentes e
distinções, que perdurará por toda a vida, como por exemplo a de Fred Figner,
que lhe legou vultosa soma em testamento, repassada pelo médium à FEB.
Com a notoriedade, prosseguiram
as críticas de pessoas que tentavam desacreditá-lo. Além dessas pessoas, Chico
Xavier ainda dizia que inimigos espirituais buscavam atingi-lo com fluidos
negativos e tentações. Souto Maior relata uma tentativa de "linchamento
pelos espíritos", bem como um episódio em que jovens nuas tentam o médium
em sua banheira. Observe-se que ambos os episódios contêm aspectos narrativos
comuns à chamada "prova", comum em histórias de santidade.
O processo da viúva de Humberto de Campos
No decorrer da década de 1930,
destacaram-se ainda a publicação dos romances atribuídos a Emmanuel e da obra Brasil,
Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, atribuída ao espírito de Humberto de
Campos, onde a história do Brasil é interpretada de forma mítica e teológica.
Essa última obra trouxe como consequência uma ação judicial movida pela viúva
do escritor, que pleiteou por essa via direitos autorais pelas obras
psicografadas, caso se confirmasse a autoria do famoso escritor maranhense.
A defesa do médium foi suportada
pela FEB e resultou, posteriormente, no clássico A Psicografia Perante os
Tribunais, do advogado Miguel Timponi. Em sua sentença, o juiz decidiu que
os direitos autorais referiam-se à obra reconhecida em vida do autor, não
havendo condição de o tribunal se pronunciar sobre a existência ou não da mediunidade.
Ainda assim, para evitar possíveis futuras polêmicas, o nome do escritor
falecido foi substituído pelo pseudônimo Irmão X.
Nesse período, Francisco
ingressou no serviço público federal, como auxiliar de serviço no Ministério da
Agricultura. Vale salientar que, em toda a sua carreira como funcionário
público, não existe registro de qualquer falta ao serviço.
Nosso Lar
Em 1943, vem a público uma das
obras mais populares da literatura espírita no país, o romance Nosso Lar,
o mais vendido e divulgado da extensa obra do médium, que no ano de 2010 se
tornou um filme. Esse é o primeiro de uma série de livros cuja autoria é
atribuída ao espírito André Luiz.
Nesse período, a celebridade de
Chico Xavier é crescente e cada vez mais pessoas o procuram em busca de curas e
mensagens, transformando a pequena cidade de Pedro Leopoldo em um centro
informal de peregrinação. Tendo morrido na miséria o seu antigo patrão, José
Felizardo, o médium empenha-se em arranjar-lhe um sepultamento digno, pedindo
doações de casa em casa para esse fim. De acordo com o seu biógrafo Ubiratan
Machado, "...até mesmo um mendigo cego doou-lhe toda a féria do dia".
(MACHADO, 1996:53).
O caso Amauri Pena
Em 1958, o médium viu-se no
centro de uma nova polêmica, desta vez por conta das denúncias de um sobrinho, Amauri
Pena, filho da irmã curada de obsessão. O sobrinho, ele mesmo médium
psicógrafo, anunciou-se pela imprensa como falso médium, um imitador muito
capaz, acusação que estendeu ao tio. Chico Xavier defendeu-se, negando ter
qualquer proximidade com o sobrinho. Já com antecedentes de alcoolismo e com
sérios remorsos pelos danos causados à reputação do tio, Amauri foi internado
num sanatório psiquiátrico em São Paulo, onde veio a falecer.
A parceria com Waldo Vieira
No mesmo período, Chico Xavier
conheceu o jovem médico e médium Waldo Vieira, em parceria com quem psicografou
diversas obras em comum, até à ruptura de ambos, alguns anos depois. Em 1959,
estabeleceu residência em Uberaba, onde viveu até ao fim de seus dias.
Continuou a psicografar inúmeras obras, passando a abordar os temas que marcam
a década de 1960, como o sexo, as drogas, a questão da juventude, a tecnologia,
as viagens espaciais e outros. Uberaba, por sua vez, tornou-se centro de
peregrinação informal, com caravanas a chegar diariamente, de pessoas com
esperança de um contato com parentes falecidos. Nesse período, popularizam-se
os livros de "mensagens": cartas ditadas a familiares por espíritos
de pessoas comuns. Prosseguem também as campanhas de distribuição de alimentos
e roupas para os pobres da cidade.
Em 22 de maio de 1965, Chico
Xavier e Waldo Vieira viajaram para Washington, Estados Unidos, a fim de
divulgar o espiritismo no exterior. Com a ajuda de Salim Salomão Haddad,
presidente do centro Christian Spirit Center, e sua esposa Phillis,
estudaram inglês e lançaram o livro Ideal Espírita, com o nome de The
World of The Spirits.
As entrevistas no programa televisivo Pinga-Fogo
No alvorecer da década de 1970,
Chico participou de programas de televisão que alcançaram picos de audiência.
Nessa década, além da catarata e dos problemas de pulmões, passou a sofrer de angina.
Passou ainda a ajudar pessoas pobres com o dinheiro da vendagem de seus livros,
tendo para tanto criado uma fundação.
As décadas de 1980 e 1990
Em 1981, foi proposto para o Prêmio
Nobel da Paz, que não ganhou. Nesse período, a sua fama ampliou-se no exterior,
com diversas de suas obras sido vertidas em diversas línguas, assim como ganhou
adaptações para telenovelas. Ao final da década de 1990, o médium contava com
mais de quatrocentos títulos de livros psicografados. Nesse período,
estimava-se em aproximadamente cinquenta milhões os livros espíritas circulando
no Brasil, dos quais quinze milhões eram atribuídos a Chico Xavier e doze
milhões a Kardec (SANTOS, 1997:89).
No ano de 1994, o tablóide
estadunidense National Examiner publicou uma matéria em que, no título,
declarava que "Fantasmas escritores fazem romancista milionário". A
matéria foi alardeada no Brasil com destaque pela hoje extinta revista Manchete,
com o título de Secretário dos Fantasmas, onde se declarava que, segundo
informava a National Examiner, o médium brasileiro ficou milionário,
havendo ganho 20 milhões de dólares como "secretário de fantasmas".
A revista Manchete continuava:
"Segundo o jornal, ele é o primeiro a admitir que os 380 livros que lançou
são de 'ghost-writers', mas 'ghosts' mesmo, em sentido literal",
concluindo que Chico simplesmente transcreve as obras psicografadas de mais de
500 escritores e poetas mortos e enterrados.
O médium não respondeu, mas a
FEB, por seu então Presidente Juvanir Borges de Souza, editora de boa parte das
obras de Chico Xavier, enviou uma carta à revista em que informava utilizar os
direitos autorais e a remuneração pelas obras de Francisco Cândido Xavier para
uso da caridade, o mesmo se passando com outras editoras, ressaltando que
"os direitos autorais são cedidos gratuitamente, visando a tornar o livro
espírita bastante acessível e a contribuir, destarte, para a difusão da
Doutrina Espírita".
O mesmo Presidente da FEB, em 4
de outubro daquele ano, por ocasião do I Congresso Espírita Mundial, apresentou
uma "moção de reconhecimento e de agradecimento ao médium Francisco
Cândido Xavier", aprovada pelo Conselho Federativo Nacional da FEB, em
proposta apresentada pelo Presidente da Federação Espírita do Estado de Sergipe.
No documento, as entidades representativas do espiritismo no Brasil devotavam a
sua gratidão e respeito ao médium "pelos intensos trabalhos por ele
desenvolvidos e pela vida de exemplo, voltados ao estudo, à difusão e à prática
do espiritismo, à orientação, ao atendimento e à assistência espiritual e
material aos seus semelhantes".
Falecimento
O médium faleceu aos 92 anos de
idade, em decorrência de parada cardiorrespiratória, no dia 30 de junho do ano
de 2002, mesma data da morte de Chacrinha. Conforme relatos de amigos e
parentes próximos, Chico teria pedido a Deus para morrer em um dia em que os
brasileiros estivessem muito felizes e em que o país estivesse em festa, por
isso ninguém ficaria triste com seu passamento. O país festejava a conquista da
Copa do Mundo de futebol daquele ano, no dia de seu falecimento (Chico morreu
cerca de nove horas depois da partida Brasil x Alemanha).
“'Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um
pode começar agora e fazer um novo fim.'” – Chico Xavier
Homenagens
Chico foi eleito o mineiro do século
XX, seguido por Santos Dumont e Juscelino Kubitschek.
Recentemente, iniciou-se a
construção de um centro em sua homenagem.
Filme biográfico
Em 2 de abril de 2010, data em
que Chico Xavier completaria 100 anos, estreou Chico Xavier - O Filme,
baseado na biografia As Vidas de Chico Xavier, do jornalista Marcel
Souto Maior. Dirigido e produzido pelo cineasta Daniel Filho, Chico Xavier é
retratado pelos atores Matheus Costa, Ângelo Antônio e Nelson Xavier,
respectivamente, em três fases de sua vida: de 1918 a 1922, 1931 a 1959 e 1969
a 1975.
Psicografias
Chico Xavier psicografou 451 livros,
sendo 39 publicados após a morte. Nunca admitiu ser o autor de nenhuma dessas
obras. Reproduzia apenas o que os espíritos lhe ditavam. Por esse motivo, não
aceitava o dinheiro arrecadado com a venda de seus livros. Vendeu mais de
cinquenta milhões de exemplares em português, com traduções em inglês, espanhol,
japonês, esperanto, italiano, russo, romeno, mandarim, sueco e braile.
Psicografou cerca de dez mil cartas de mortos para suas famílias. Cedeu os
direitos autorais para organizações espíritas e instituições de caridade desde
o primeiro livro.
Suas obras são publicadas pelo
Centro Espírita União, Casa Editora O Clarim, Edicel, Federação Espírita
Brasileira, Federação Espírita do Estado de São Paulo, Federação Espírita do
Rio Grande do Sul, Fundação Marieta Gaio, Grupo Espírita Emmanuel s/c Editora,
Comunhão Espírita Cristã, Instituto de Difusão Espírita, Instituto de
Divulgação Espírita André Luiz, Livraria Allan Kardec Editora, Editora
Pensamento e União Espírita Mineira. Mesmo não tendo ensino completo, ele
escrevia em torno de seis livros por ano, dentre eles livros de romances, contos,
filosofia, ensaios, apólogos, crônicas, poesias etc. É o escritor mais lido da
América Latina (nota: ano de 2010).
Seu primeiro livro, Parnaso de
Além-Túmulo, com 256 poemas atribuídos a poetas mortos, dentre eles os portugueses
João de Deus, Antero de Quental e Guerra Junqueiro e os brasileiros Olavo Bilac,
Cruz e Sousa e Augusto dos Anjos, foi publicado pela primeira vez em 1932. O
livro gerou muita polêmica nos círculos literários da época. O de maior tiragem
foi Nosso Lar, publicado no ano de 1944, atualmente com mais de dois
milhões de cópias vendidas, atribuído ao espírito André Luiz, sendo o
primeiro volume da coleção de dezessete obras, todas psicografadas por Chico
Xavier, algumas delas em parceria com o médico mineiro Waldo Vieira.
Uma de suas psicografias mais
famosas, e que teve repercussão mundial, foi a do caso de Goiânia em que José
Divino Nunes, acusado de matar o melhor amigo, Maurício Henriques, foi
inocentado pelo juiz, que aceitou como prova válida (entre outras que também
foram apresentadas pela defesa) um depoimento da própria vítima, já falecida,
através de texto psicografado por Chico Xavier. O caso aconteceu em outubro de 1979,
na cidade de Goiânia, Goiás. Assim, o presumido espírito de Maurício teria
inocentado o amigo dizendo que tudo não teria passado de um acidente.
Insinuações de fraude
Durante décadas, Chico produziu
cartas psicografadas para pais e mães que o procuravam para ter notícias de
seus filhos no além. Segundo um estudo da Associação Médico-Espírita de São
Paulo, de 1990, nomes de parentes apareciam em 93 por cento das cartas e 35 por
cento delas tinham assinaturas semelhantes às dos falecidos. Sempre havia
citações que davam impressão de familiaridade aos leitores a quem eram
dirigidas.
A fonte dessas informações sempre
esteve sob suspeita. Alega-se que funcionários do centro espírita conversavam
com os presentes antes das psicografias e que Chico entrevistava previamente as
pessoas] que o procuravam em busca
de contato com os espiritos dos mortos. Mesmo assim eram tidas como legítimas
pelos familiares e chegaram a ser usadas como provas em três julgamentos.
Além das cartas, houve a polêmica
com os muitos livros de poesia e prosa que Chico produziu em nome de espíritos
de escritores famosos do Brasil como Olavo Bilac e Castro Alves. Chico só
estudou até a quarta série primária, mas era leitor voraz e tinha uma
biblioteca com quinhentos livros de autores diversos], inclusive em inglês, francês e hebraico.
Colecionava também cadernos com recortes de textos e poesias, notadamente dos
autores espirituais que o procuravam.
O verdadeiro escândalo veio
quando Amauri Pena Xavier, sobrinho de Chico, disse poder imitar as
psicografias dele com truques e acusou o tio de ser também um impostor. Depois,
sentindo-se culpado, ele retirou a acusação.
Durante os transes mediúnicos,
eletroencefalogramas do médium mostraram que ele apresentava características
clínicas que variavam da epilepsia à criptomnésia; clinicamente ele nunca foi
epiléptico.
Principais obras psicografadas
Ano
|
Obra
|
Autor
espiritual
|
Editora
|
Notas
|
1932
|
Parnaso de Além-Túmulo
|
Vários autores
|
FEB
|
Primeira obra publicada
|
1937
|
Crônicas de Além-Túmulo
|
Humberto de Campos
|
FEB
|
Primeira obra pelo espírito Humberto de
Campos
|
1938
|
Emmanuel
|
Emmanuel
|
FEB
|
Primeiro obra pelo espírito Emmanuel
|
1938
|
Brasil, Coração do Mundo, Pátria do
Evangelho
|
Humberto de Campos
|
FEB
|
Tiragem de 202.000 exemplares
|
1939
|
A Caminho da Luz
|
Emmanuel
|
FEB
|
Tiragem de 263.000 exemplares
|
1939
|
Há Dois Mil Anos
|
Emmanuel
|
FEB
|
Tiragem de 435.000 exemplares
|
1940
|
Cinquenta Anos Depois
|
Emmanuel
|
FEB
|
Tiragem de 317.000 exemplares
|
1941
|
O Consolador
|
Emmanuel
|
FEB
|
Tiragem de 218.000 exemplares
|
1942
|
Paulo e Estevão
|
Emmanuel
|
FEB
|
Tiragem de 420.000 exemplares
|
1942
|
Renúncia
|
Emmanuel
|
FEB
|
Tiragem de 311.000 exemplares
|
1944
|
Nosso Lar
|
André Luiz
|
FEB
|
"Tiragem de 420.000 exemplares"
|
1944
|
Os Mensageiros
|
André Luiz
|
FEB
|
Livro mais vendido e traduzido para outras
línguas
|
1945
|
Missionários da Luz
|
André Luiz
|
FEB
|
Tiragem de 440.000 exemplares
|
1945
|
Lázaro Redivivo
|
Irmão X
|
FEB
|
Primeira obra pelo espírito Irmão X,
pseudônimo do espírito Humberto de Campos
|
1946
|
Obreiros da Vida Eterna
|
André Luiz
|
FEB
|
Tiragem de 290.000 exemplares
|
1947
|
Volta Bocage
|
Bocage
|
FEB
|
Livro psicografado com autoria atribuída ao
poeta português, Bocage
|
1948
|
No Mundo Maior
|
André Luiz
|
FEB
|
Tiragem de 280.000 exemplares
|
1948
|
Agenda Cristã
|
André Luiz
|
FEB
|
Tiragem de 470.000 exemplares
|
1949
|
Voltei
|
Irmão Jacob
|
FEB
|
Tiragem de 204.000 exemplares
|
1949
|
Caminho, Verdade e Vida
|
Emmanuel
|
FEB
|
Tiragem de 216.000 exemplares
|
1949
|
Libertação
|
André Luiz
|
FEB
|
Tiragem de 275.000 exemplares
|
1950
|
Jesus no Lar
|
Nelio Lúcio
|
FEB
|
Tiragem de 290.000 exemplares
|
1950
|
Pão Nosso
|
Emmanuel
|
FEB
|
Tiragem de 262.000 exemplares
|
1952
|
Vinha de Luz
|
Emmanuel
|
FEB
|
Tiragem de 215.000 exemplares
|
1952
|
Roteiro
|
Emmanuel
|
FEB
|
|
1953
|
Ave, Cristo!
|
Emmanuel
|
FEB
|
Tiragem de 210.000 exemplares
|
1954
|
Entre a Terra e o Céu
|
André Luiz
|
FEB
|
Tiragem de 260.000 exemplares
|
1955
|
Nos Domínios da Mediunidade
|
André Luiz
|
FEB
|
Tiragem de 313.000 exemplares
|
1956
|
Fonte Viva
|
Emmanuel
|
FEB
|
Tiragem de 248.000 exemplares
|
1957
|
Ação e Reação
|
André Luiz
|
FEB
|
Tiragem de 255.000 exemplares
|
1958
|
Pensamento e Vida
|
Emmanuel
|
FEB
|
|
1959
|
Evolução em Dois Mundos
|
André Luiz
|
FEB
|
"Tiragem de 216.000 exemplares"
|
1960
|
Mecanismos da Mediunidade
|
André Luiz
|
FEB
|
Primeira obra em parceria com o médium Waldo
Vieira
|
1960
|
Religião dos Espíritos
|
Emmanuel
|
FEB
|
|
1961
|
O Espírito da Verdade
|
diversos espíritos
|
FEB
|
|
1963
|
Sexo e Destino
|
André Luiz
|
FEB
|
Tiragem de 262.000 exemplares
|
1968
|
E a Vida Continua…
|
André Luiz
|
FEB
|
Tiragem de 314.000 exemplares
|
1970
|
Vida e Sexo
|
Emmanuel
|
FEB
|
Tiragem de 240.000 exemplares
|
1971
|
Sinal Verde
|
André Luiz
|
Comunhão
Espírita
Cristã (CEC) |
Tiragem de 473.500 exemplares
|
1977
|
Companheiro
|
Emmanuel
|
Instituto de
Difusão
Espírita (IDE) |
Tiragem de 223.000 exemplares
|
1985
|
Retratos da Vida
|
Cornélio Pires
|
IDE/CEC
|
|
1986
|
Mediunidade e Sintonia
|
Emmanuel
|
CEU
|
|
1991
|
Queda e Ascensão da Casa dos Benefícios
|
Bezerra de Menezes
|
GER
|
|
1999
|
Escada de Luz
|
diversos espíritos
|
CEU
|
Última obra publicada
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário