"O Espiritismo respeita todas as religiões e doutrinas, valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou social. Reconhece, ainda, que “o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.

domingo, 30 de dezembro de 2012

2012 - Fim do Mundo?

2012 - Fim do Mundo?

 

Estamos vivendo neste ano uma grande especulação a respeito do fim do mundo. O assunto é polêmico, divide opiniões e é tema central em várias rodas de conversas, programas de TV, matérias em jornais, revistas e similares, seja levado a sério ou apenas um bom motivo para uma piada. Até mesmo Hollywood se rendeu à discussão e arriscou algumas produções, o que deu mais força à teoria catastrófica. 

Alguns dizem que é a confirmação do apocalipse anunciado nas escrituras sagradas, outros acham que são apenas profecias infundadas de pensadores da antiguidade, a grande maioria não toma o assunto ao “pé da letra”. O fato é que o fim do planeta Terra é o tema mais discutido do momento.

O boato de que o mundo irá desaparecer em 2012, mais especificamente em 21 de dezembro (1), é na verdade uma interpretação errônea do calendário da civilização maia (considerada uma das civilizações mais adiantadas das Américas em seu tempo). A verdade é que os maias nunca previram o fim do mundo. 
 
De acordo com pesquisadores, através dos hieróglifos analisados, constatou-se que um dos calendários maia, chamado de “baktun”, era composto por 20 ciclos e cada um desses ciclos corresponderiam a 144.000 dias ou 3.943 anos solares. A data de 21 de dezembro de 2012 segundo o calendário seria apenas o fim do 13° baktun, o que prova que não há uma profecia maia a respeito do fim do mundo neste ano. Esta interpretação do calendário, aliada a algumas correntes esotéricas, deu origem à história do apocalipse em 2012.

Afinal, o mundo acaba em 21 de dezembro? É evidente que não. Basta observar os acontecimentos à nossa volta para constatar que o planeta sobreviverá a mais essa “previsão”. Não há sinais concretos dos fins dos tempos, o planeta não deixaria de existir da noite para o dia.

 O Espiritismo explica que desde o surgimento do planeta, o globo passa por transformações, juntamente com os seres que aqui habitam, como é natural da lei do progresso, à qual todos nós estamos submetidos. A marcha do progresso é contínua e todos os Espíritos tendem a evoluir. Há aqueles que estacionam e então são retirados, a fim de que não interfiram no desenvolvimento dos demais. 

Em algumas épocas, essas transformações são mais acentuadas, como no período da passagem do Cristo pela Terra, onde algumas centenas de Espíritos ignorantes foram transferidos para outro orbe para não interferir na missão do Mestre. 
 
Outro exemplo evidente foram as duas guerras mundiais afetando diretamente a evolução do planeta. As notícias dão conta de que alguns dos Espíritos responsáveis diretamente pelas guerras não voltarão mais à Terra.

Espíritos que não conseguem acompanhar a evolução moral de uma sociedade são levados a outras esferas que condizem com seu adiantamento; os Espíritos se atraem por afinidade. Da mesma forma que são retirados Espíritos atrasados da Terra, recebemos Espíritos compatíveis com nosso grau de evolução. Esses Espíritos um dia saíram de seu orbe de origem por não contribuir com o desenvolvimento moral daquele lugar.

Os Espíritos superiores nos alertam que a Terra está chegando ao final de um período de provas e expiações, para se transformar em um mundo de regeneração. Os planetas que estão no mesmo nível que a Terra sofrem provações de todas as formas, como catástrofes, doenças incuráveis, segregações sociais onde o mau se sobrepõe ao bem, causando sofrimento necessário à evolução dos Espíritos ali reencarnados. Já nos mundos regenerados, não há espaço para o egoísmo, o orgulho, a intolerância e a maldade. Não existem grandes provações ou expiações, prevalecendo a compaixão, o amor e a caridade.

Os desastres coletivos, as calamidades naturais que ceifam milhares de vidas sempre existiram e são necessários para acelerar esse processo de transição. Ao contrário do que muitos pensam, esses não são sinais apocalípticos, apenas uma renovação natural dos Espíritos e consequentemente do planeta.

 Há algum tempo a Terra vem recebendo Espíritos mais adiantados moralmente e intelectualmente para ajudar no desenvolvimento do planeta. Nos últimos anos experimentamos um desenvolvimento tecnológico muito grande, prova da transformação pela qual vem passando o planeta. Se observarmos as crianças em nossa volta, podemos perceber a inteligência mais acentuada se comparadas às crianças da nossa geração, e que muitas vezes são chamadas de “hiperativas”. 

Não existe uma data específica para a transição acontecer. Sabe-se que estamos vivendo as derradeiras eras de um planeta menos ditoso e que o mundo não acabará. É hora de aproveitar a última oportunidade que a providência divina tem-nos dado e fazer por merecer a nossa permanência no orbe terrestre. Cada minuto perdido é um minuto a mais de sofrimento para o Espírito consciente de sua necessidade de evolução.


(1)
Este artigo foi escrito antes de 21 de dezembro, data indicada para o suposto desaparecimento do mundo em que vivemos. (N. da R.)


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Por que Jesus veio ao mundo

Por que Jesus veio ao mundo

 
A vinda de Jesus Cristo culminou com o amor ao próximo por amor a Deus, refletido na caridade, não a caridade de se dar esmola aos pobres, e sim a caridade irrestrita, independente de manuais teológicos e de fórmulas políticas. Jesus compareceu ao mundo a fim de cumprir a Lei Divina, cristalizando-a nos corações para que o homem deixasse de render culto a Deus apenas por meio de rituais, liturgias e hosanas.

Cristo veio repetir sumariamente de forma mais elevada tudo o que foi transmitido antes dEle junto ao imenso rebanho terreno, os filhos, que se desviaram do amor e sabedoria do Pai Celestial. Por esse motivo, Ele resumiu a lei proposta nos dez mandamentos em uma única regra: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Sim, no fundo, o verdadeiro escopo de Sua missão entre nós não poderia ter sido outro. 

Transportou-Se até nós para atender às nossas necessidades evolutivas e reeditar o amor de Deus por Seus filhos da Terra, embasado naquela síntese amorosa. Ele é o modelo de perfeição a Quem devemos seguir, o representante desse amor que recomenda, acima de tudo, a prática da benevolência com o próximo. Quis Jesus exprimir que aquele que ama o seu próximo como a si mesmo cumpre todos os outros nove itens do decálogo. Ele demonstrou efetivamente como se faz, desvelando o panorama da vida eterna com a Sua incomparável pedagogia. 

Prescritos os meios pelos quais alcançaríamos os páramos da mais alta espiritualidade, Cristo tentou abrir as picadas sinuosas de nossa ignorância espiritual, de nós, o grande número dos distantes do “caminho do bem”, as Almas, ou Espíritos encarnados. Jesus visou à moralização do homem sem reclamar para Si privilégios, sem ordenar “guerras santas” a pretexto de subjugar aqueles que não aceitassem Suas ideias, que não Lhe conferissem honras, e tudo começou numa noite de certa estrela... 


Nova era de grandes lições 

A maravilhosa claridade de um astro vaticinou o início de uma nova era de grandes lições que se irradiariam quais raios solares de manhã auspiciosa. Da paz de humílima manjedoura, passando pela exemplificação do trabalho probo em favor da subsistência doméstica, o Sublime Peregrino alcançou alguns rudes pescadores de inexpressiva aldeota, margeada por um lago; em seguida, estes se tornariam Seus amigos diletos e discípulos.

Após o primeiro encontro com aqueles humildes pescadores do pequeno povoado de Tiberíades, circunvizinhança da notável Cafarnaum, o Mestre pronunciou as primeiras doces e maviosas palavras que se transformaram em comovente peça sinfônica de luz e exemplos sublimados. O Evangelho atravessou milênios graças à fonte de amor e confiança brotada do fundo do coração daqueles homens simples e sensíveis. Os séculos passaram, passaram as gerações, mais e mais pessoas continuam enternecidas, ao relembrar os atos da vida do Nazareno, ainda que em certas datas de cada ano, glorificando-Lhe a suposta imagem triste e ensanguentada.  

Uns permanecerão aclamando-O “redentor”, enquanto outros falarão apenas de uma mera personalidade humana. De fato Jesus foi mesmo uma pessoa simples, oriundo de inexpressivo burgo da Palestina, sem amigos e parentes de prestígio, seja no clero de Sua época, seja na Roma dos césares imponentes. Para a materialidade, um herói inglório que teve como fado um madeiro infamante e uma coroa de espinhos; para a espiritualidade, um herói divino...  

Nenhum pensamento como o deste Herói foi capaz de resumir tamanho otimismo, de suscitar-nos o poder da fé, não essa fé imposta pelo dogma do terror do “fogo do Inferno”, mas a da confiança absoluta em nós mesmos. Essa fé é aquela que recobra e autoestima, ou reconhece Deus em nós, e lança mão de nossas potências capazes de “remover  montanha”; entenda-se por “montanha” a má vontade, os preconceitos e tudo que for contrário às boas normas da conduta individual e coletiva.  


A Maioria não compreende 

A maioria de nós não compreendeu ainda o real valor e a dimensão do puro pensamento de Jesus como roteiro indelével. Aos homens a quem falava, Jesus expressava-Se com simplicidade; em se tratando dos próprios discípulos, Ele Se aprofundava um pouco mais. Porém, nem mesmo estes últimos conseguiram captar o fundo de Suas ideias, o caráter estritamente espiritual de Seu magistério, muito embora o povo já estivesse apto a compreender o intuito de se adorar a um só Deus. Poucos dos que Lhe ouviram as sublimadas explicações, os esclarecimentos úteis e indispensáveis à educação da alma, puderam absolutamente entendê-Lo.  

Remetendo-nos ao Espírito Emmanuel pela psicografia de Chico Xavier: “Os filósofos e amigos ilustres da Humanidade falaram às criaturas, revelando em si uma luz refratada, como a do satélite que ilumina as noites terrenas; os apelos desses embaixadores dignos e esclarecidos são formosos e edificantes, nunca se furtam, todavia, à mescla de sombra; Cristo trouxe-nos a fonte da verdade positiva, o Sol que resplandece”.  

Principalmente Jesus veio auxiliar o grande número dos distantes do caminho do Bem, em outras palavras, Ele desvendou o mistério da felicidade espiritual para alívio do calvário de nossas dores físicas e morais. Dessa forma, Suas elucidações concorrem para o bom êxito da nobreza moral e intelectual da Humanidade, sobretudo sob a ciência do Consolador, porque esta a desenvolve e dá maior força. Cristo veio ao mundo em caráter muito especial, sem nenhum interesse próprio, sem exigir nada. Em tempo algum, teve Ele preferência por essa ou por aquela religião ou por aquela seita do Seu tempo e, aliás, Ele não criou religião nem seita alguma, tampouco sequer insinuou que Seus seguidores seriam chamados de “cristãos”, além de prescindir de reconhecimentos e louvores ostensivos. 

Religiosos das igrejas cristãs aguardam a volta de Jesus, acreditam piamente que Ele descerá do Céu sobre nuvens, logo em seguida a um sinal, assessorado por anjos e suas trombetas para reunir os escolhidos, segundo o evangelista Mateus. E se eu disser que Cristo já voltou e está entre nós desde 18 de abril de 1857? Duvida?... É questão de inteligência e boa vontade: quem tem boca de perguntar, que pergunte; ouvidos de ouvir, que ouça; olhos de ler, que leia... Estude a Doutrina Espírita!! 

Visite o blog Pensamento&Espiritualidade: http://pensesp.blogspot.com.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Jesus Cristo: o modelo a ser seguido


Jesus Cristo: o modelo
a ser seguido

 
– "Qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo? – Vede Jesus.” (Questão 625 de "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec.)



Sendo Jesus Cristo o guia e o modelo a ser seguido por nós, em realidade, o que estamos esperando para agir dessa forma? Tudo o que deliberarmos fazer de diferente dessa valiosa observação, por certo, nos colocará na contramão da lógica e da razão, e, por consequência, nos trará o reflexo da desobediência e da indisciplina em forma de reveses, dores e decepções.

Obviamente, a escolha será sempre nossa, pois que o livre-arbítrio é uma Lei Divina, onde cada qual vive de conformidade com o que pensa. Mas o bom senso nos recomenda observar a maneira como decidimos a nossa jornada terrena, pois que ninguém, em sã consciência e perfeita lucidez de raciocínio, deseja sofrer.

Contrariar as profundas e sábias lições de Jesus é, incontestavelmente, uma forma de semear espinhos que nos proporcionarão colheitas fartas de arranhões e ferimentos.

Sugere o Mestre, objetivando a construção de uma saudável vida social, que aprendamos a compreender as pessoas como elas são, despidos de egoísmo, preconceito ou exclusividades, pois que de nossa parte também temos necessidade de que nos entendam como somos.

Orienta que, diante de conflitos, rusgas ou pugnas, façamos uso do perdão e da tolerância, pois que ninguém, no estágio em que vivemos, consegue se relacionar com os outros sem causar algum tipo de mágoa, ressentimento ou coisa que valha.

Pede que estendamos as mãos àqueles que seguem vivendo em situação de penúria, aliviando-lhes os padecimentos e torturas, pois nenhum de nós sabe como será o nosso dia amanhã.

Informa que devemos amar ao nosso próximo como a nós mesmos, assim ensinando que os mais fortes precisam amparar os mais fracos, os mais poderosos socorrer os menos influentes, e os mais ricos não ignorar aqueles que vivem na pobreza.

Propõe que a mão esquerda não saiba o que faz a direita, ministrando as lições da humildade e da simplicidade, e, ao mesmo tempo, condenando o orgulho, que nos faz pensar sermos melhores que os outros.

Anuncia que quem socorrer os "pequeninos" de toda ordem é a Ele mesmo que está a servir, pois que a Sua maior alegria é ver o bem sendo espalhado em todas as direções e o mal sufocado pelos nossos esforços.

Ampara Maria Madalena, a jovem que se prostituía, conversa com Nicodemos, o orgulhoso doutor da lei, e hospeda-se na casa de Zaqueu, o cobrador de impostos tido como de má vida, sem apresentar nenhuma censura ou reprimenda, acolhendo-os com carinho e ternura, propiciando-lhes a transformação, no tempo, sem qualquer acusação ou violência.

Diante da multidão faminta de esclarecimentos e gêneros alimentícios, falou da Boa Nova, mas não se esquivou do dever de alimentá-la também, multiplicando pães e peixes, socorrendo conjuntamente o coração e o estômago.

Dependurado injustamente numa cruz, vítima da incompreensão e da ignorância humana, ainda teve forças para rogar a Deus que perdoasse a humanidade, pois que, em suma, não tinha ela noção do que estava fazendo.

Como podemos observar, nitidamente, nada é mais novo e moderno do que as imprescindíveis lições de Jesus Cristo, que já são por demais conhecidas, porém, tão pouco praticadas.

Ou seguimos Jesus, o modelo e guia da humanidade, ou nos preparemos para longas temporadas de dissabores e infortúnios... A escolha é de cada um. 
 
Meditemos. 



terça-feira, 13 de novembro de 2012

A vida de Jesus


Mergulhado no fluido cósmico universal, o Espírito Jesus transcende barreiras psíquicas imensuráveis para chegar até nós. 
 
Vivemos em um planeta de provas e expiações onde o Espírito ainda estagia em níveis evolutivos inferiores, provenientes das ações mal resolvidas do seu pretérito espiritual. A figura de Jesus em relação ao planeta é a presença divina do amor em forma de misericórdia e compaixão por todos nós encarnados e desencarnados, que também precisamos da sua sagrada atenção. 
 
Desde a Galileia distante, nos primeiros momentos da sua mensagem, ensinou aos homens a verdadeira necessidade de comunhão com Deus, e recebeu os enfermos da alma – que somos todos nós, que muitas vezes negligenciamos os seus ensinamentos. 
 
A vida de Jesus é uma epopeia de luz e amor, é o momento divino em que a humanidade tem a oportunidade de conviver com o ser mais perfeito que Deus ofereceu ao mundo como modelo e guia.
 
A vida de Jesus é a presença da compaixão em nossas vidas, compreendendo que somos seres, embora imperfeitos, mas com a necessidade precípua de evolução. Indicou isso no diálogo sublime com Maria Madalena: “Mulher, ninguém te condenou; eu também não te condenarei, mas, de futuro, não tornes a pecar”, mostrando-nos que temos de lutar contra as imperfeições que muitas vezes surgem como obstáculos à nossa reforma interior.
 
Como narra o nobre Espírito Amélia Rodrigues, “Jesus é a personificação do amor, e continua sendo o mesmo, ontem, hoje e sempre”. Basta silenciar o nosso psiquismo para sentir as maviosas energias do seu magnetismo que resplandece como lenitivo para as nossas dores e dificuldades. Hoje, com o advento do Espiritismo, Jesus volta de novo aos moldes sublimes das primeiras horas do Cristianismo primitivo, na figura genuína da Igreja do Caminho, onde recebia a todos com a felicidade maior de fazer a eles tudo aquilo que nós gostaríamos que nos fosse feito. É este Jesus simples, humilde, terno, infinitamente de amor, que a doutrina dos Espíritos vem relembrar para todos os homens que tenham olhos e ouvidos de ver e de ouvir. 
 
“Se me amais, guardai os meus mandamentos e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviará outro consolador para que fique eternamente convosco” – este é o convite que ecoa pelos séculos. Neste sentido, o homem Jesus continua sendo o caminho, a verdade e a vida para todos que o buscam nos sentimentos enobrecedores que irão se refletir como bálsamo regenerador de todas as moléstias psíquicas da alma em evolução. 
 
Assim, trabalhemos na seara divina, relembrando as paisagens genuínas da Palestina distante – que permanece atual em nossas existências – por ter sido ali, naquelas paisagens simples e bucólicas da Galileia, e, principalmente em Cafarnaum, que Ele, o Messias, escolhera para instaurar as bases sublimes do seu evangelho de amor. 

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sábado, 10 de novembro de 2012


Por que comigo? – Entendendo o papel da dor em nossa vida


“Embora a dor e o pranto, não permitas
Que a tua fé sublime se abastarde...
Abraça a luta e segue para a frente,
Antes que seja tarde”
Espírito João Coutinho *

Emmanuel, o orientador Espiritual de Francisco Cândido Xavier, ditou para o Médium brasileiro a lição intitulada “A Mestra Divina”, parte do livro “Ceifa De Luz”, do mesmo autor. Neste belíssimo texto, o Espírito comenta os benefícios causados pela dor àqueles que compreendem a corrigenda, saindo da experiência, melhorados.  Explica que a dor “devolve-nos todos os golpes com que dilaceramos o corpo da vida, para que não persistamos na grade do erro ou nos cárceres do remorso”. (EMMANUEL, 1979, p. 119.) 

Afirma, ainda, que a Mestra Divina “aqui corrige, adiante esclarece, além reajusta, mais além aprimora” (p. 120), explicando, portanto, até onde a Dor pode atuar em nós, caso permitamos nos favoreça com suas sagradas lições.

Dentro dos postulados Espíritas, aprendemos que pertencemos, no atual estágio evolutivo, à categoria de Espíritos Imperfeitos, portanto, incompletos, em muito ignorantes, e, em muitos casos, ainda maus, essencialmente. Daí a necessidade de residirmos, temporariamente, em um mundo que reflete nosso estado íntimo, ou seja, em um planeta classificado como sendo de “provas e expiações”. 

Tal classificação nos ajuda a entender o caráter da dor que nos atinge, na atualidade.
Podemos ser despertados por ela, a fim de resgatarmos débitos contraídos no passado [tanto remoto como atual], ou ainda para provarmos se já conseguimos desenvolver em nós as virtudes necessárias e possíveis para o momento.

“Não fiz nada para merecer isto! É um absurdo!”, afirmam muitos. Por certo, estes ainda não tomaram consciência de que muito temos a aprender na escola da vida; que aqui estamos na figura de devedores, buscando a regeneração, pelas vias da reencarnação e que toda experiência difícil nada mais é que oportunidade de aprendizagem. Instrumento perfeito, que serve:

Para uns, na aquisição da paciência.

Para outros, da humildade.
 
Outros, ainda, da resignação e da fé.
 
Ou de todas estas virtudes, concomitantemente.
 
Certo é que a Dor surge para crescermos. Este é o seu objetivo. O que faremos, com a sua visita, corre por nossa conta.
 
Diante das adversidades da vida, podemos buscar o que nos cabe aprender, fazendo o melhor, ou, revoltosos e indignados, podemos nos rebelar contra Deus, desfazendo-nos em muxoxos intermináveis e incabíveis.
 
Viktor Frankl, o eminente psiquiatra vienense, devido ao fato de ser judeu, foi perseguido e preso em campos de concentração, na Alemanha nazista. A esposa grávida, seus pais e irmãos pereceram nestes campos. Entretanto, o desafortunado homem sobreviveu e, estando em situação de completa fragilidade, buscou, acima das dores, um sentido para seu sofrimento.
 
Quando conseguiu a liberdade, lutou por divulgar suas percepções. Frankl passou a ensinar que o sentido da vida pode ser encontrado por uma pessoa através de três caminhos:
 
O primeiro diz respeito ao exercício de um trabalho que seja importante, ou a realização de um feito, uma missão, que dependa de seus conhecimentos e de sua ação, e que faça com que a pessoa se sinta responsável pelo que faz; o segundo caminho é o do amor a uma pessoa ou a uma causa, uma ideia, o que estabelece uma responsabilidade para com a pessoa amada ou à causa defendida e, por último, quando diante de um sofrimento inevitável, assumir uma postura de buscar um significado e utilidade para a dor, pois através da experiência cada pessoa pode contribuir para a vida de outras pessoas.

Afirmou ele que “dentro de cada um de nós há celeiros cheios onde nós armazenamos a colheita da nossa vida. O significado está sempre lá, como celeiros cheios de valiosas experiências. Quer sejam as ações que fizemos, ou as coisas que aprendemos, ou o amor que tivemos por alguém, ou o sofrimento que superamos com coragem e resolução, cada um destes eventos traz sentido à vida. Realmente, suportar um destino terrível com dignidade e compaixão pelos outros é algo extraordinário. Dominar seu destino e usar seu sofrimento para ajudar os outros é o mais alto de todos os significados para mim”. (FRANKL, 1985). Espírito valoroso, soube ouvir e entender a dor, retirando dela o que tinha de melhor.

No capítulo intitulado “O Poder do Amor”, do livro “No Mundo Maior”, de André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, irmã Cipriana, a devotada tarefeira do Bem, falando sobre os recursos da Dor, afirma, categoricamente, que “muitos retiram do sofrimento o óleo da paciência, com que acendem a luz para vencer as próprias trevas, ao passo que outros dele extraem pedras e acúleos de revolta, com que se despenham na sombra dos precipícios” (LUIZ, 1947 p. 92).

Sentir a dor é obrigatório. Revoltar-se com ela é opcional, assim como seguir pelos caminhos da regeneração, através da paciência e do amor.

Na atualidade, grandes dificuldades assolam o Planeta. Trata-se do processo de transição, no qual estamos à mercê de grandes convulsões, sejam de ordem individual, social, cultural, econômica, política ou geológicas. São as “dores do parto”, anunciadas profeticamente por Jesus. Dores que nos farão melhores, a fim de podermos habitar um Planeta também melhorado, física e moralmente.

Portanto, urgente nos prepararmos intimamente para este momento. Entendermos que no planejamento divino não cabem equívocos. Que nenhuma dor nos chega na qualidade de carta endereçada a outra pessoa.

Com esta certeza, teremos força para ultrapassar as ventanias que anunciam a grande tempestade, com os alicerces do entendimento e do amor.

Logo mais, quando o sol tornar a brilhar, concedendo-nos seus raios iluminativos e refazedores, anunciando um novo amanhecer no clima planetário, poderemos, uma vez melhorados, usufruir da paz que tanto almejamos.

Cabe salientar ainda que aqueles que já possuem em si as ferramentas íntimas capazes de darem conta das adversidades, sem tantos desequilíbrios emocionais, estão munidos de instrumentos que devem ser utilizados no auxílio aos irmãos por agora equivocados.

Ainda no livro “Ceifa de Luz”, agora no capítulo “Desenvolvimento Espiritual”, Emmanuel, falando sobre as questões de subdesenvolvimento humano, se utiliza da expressão para falar dos subdesenvolvidos espirituais. Comenta que devemos reconhecer que existe “uma retaguarda enorme de criaturas empobrecidas de esperança e coragem, não obstante quase toda ela constituída de companheiros com destaque merecido na cultura e na prosperidade da Terra”. (EMMANUEL, 1979, p. 207.) E, indicando nossa posição diante de tais irmãos, pede-nos para que nos abasteçamos de suficiente amor para compreendê-los e auxiliá-los, pois se tratam de “amigos chamados a caminhar nas frentes da evolução, com áreas enormes de influência e possibilidade no trabalho do bem de todos, mas detentores de escassos recursos no campo do sentimento para suportarem, com êxito, as crises da época de mudança” (EMMANUEL, 1979, p. 208). 
 
Destacamos que o Espírito menciona “crises da época de mudança”, ou seja, fala-nos sobre a transição, por nós citada, e que traz em seu bojo a marca da dor, na forma de medicamento amargo, porém necessário, tanto para o despertamento dos que dormem, nas camas do materialismo, como para impulsionar o desenvolvimento espiritual, tão necessário nestes tempos de pós-modernidade, nos quais imperam os desregramentos morais de toda ordem. 
 
Tempos difíceis, que nos pedem pratiquemos aquilo que Jesus nos ensinou há 2000 anos: Oração e Vigilância, a fim de buscarmos forças para darmos conta dos desafios, através do contato com as esferas mais elevadas da Vida, e, ao mesmo tempo, observando constantemente nosso íntimo, para que não venhamos a repetir antigos erros.
E, assim como escreveu Renato Teixeira, na canção “Tocando em Frente”, precisamos ter em mente que “cada um de nós compõe a própria história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, e ser feliz”. 

Avante!

Referências Bibliográficas:

EMMANUEL [Espírito]. Ceifa de Luz.  [psicografado por] Francisco Cândido Xavier, 3ª ed. Brasília, FEB, 1979.

LUIZ, A. [Espírito]: No Mundo Maior, [psicografado por] Francisco Cândido Xavier, 1947; 26ª ed. 2ª reimpressão, Rio de Janeiro, FEB, 2009.

FRANKL, V. A Descoberta de Um Sentido No Sofrimento, Entrevista na África do Sul, 1985, disponível no Youtube, http://www.youtube.com/watch?v=5cd2KANOJuU acessado em 11 de setembro de 2011.

Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. Petrópolis: Editora Vozes, 1991.

* Espírito João Coutinho - Do livro: Poetas Redivivos, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos.