"O Espiritismo respeita todas as religiões e doutrinas, valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou social. Reconhece, ainda, que “o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

208º ANIVERSÁRIO DE ALLAN KARDEC


MAS, QUEM FOI ALLAN KARDEC E QUAL FOI SEU LEGADO ?

Allan Kardec – Pseudônimo de Hippolyte-Léon-Denizard Rivail, codificador da Doutrina Espírita. Nasceu na cidade de Lyon, França em 03 de outubro de 1804, numa família com tradição na magistratura e na advocacia.

Primorosamente educado, desde cedo demonstrou vivo interesse pelas ciências, letras e filosofia. Estudou na escola de Pestalozzi, em Yverdun, Suíça, onde, muito jovem, aos 14 anos, tornou-se mestre. Pestalozzi teve-o como discípulo dileto, a quem, diversas vezes, confiou a direção de sua renomada escola. O professor Rivail, como era conhecido, foi membro de importantes sociedades científicas de seu tempo, inclusive, premiado pela Academia Real de Arras. Foi o mais ativo propagador do método de Pestalozzi.

Casou-se em 6 de fevereiro de 1832 com Amélie Gabrielle Boudet, moça inteligente e culta, com quem viveu uma relação harmoniosa, de plena cumplicidade, mas não tiveram filhos.

Foi em 1854 que o professor Rivail ouviu falar, pela primeira vez, do “fenômeno das mesas girantes”, porém, tempos depois, em 1855, o Sr. Fortier, um amigo de Rivail e também estudioso do magnetismo, insistiu para que comparecesse a uma dessas reuniões e presenciasse o fenômeno. Curioso, compareceu, e intrigou-se com o fato das mesas responderem aos participantes demonstrando conhecimentos e linguagem, por vezes, mais elaborada do que a dos presentes. Assim, seu interesse pelo fenômeno aumentou e com o tempo, após observações e estudos cada vez mais aprofundados, convenceu-se e comprovou a intervenção de desencarnados (espíritos) no fenômeno. Desse modo, através de um simples jogo de salão, é que a espiritualidade maior se apresentou ao professor Rivail. Desde então o insígne professor foi transformando-se em Allan Kardec, “O Codificador da Doutrina Espírita”. Assim nos propiciou “O livro dos Espíritos” em 1857; em 1858, iniciou a publicação de sua famosa “Revue Spirite”; em 1861, deu lume ao “O Livro dos Médiuns”; em 1864 ao “O Evangelho segundo o Espiritismo”; em 1865, ao “O Céu e o Inferno” e em 1868 à “A Gênese”, completando assim o pentateuco Espírita.

Allan Kardec revelou-se um grande homem, mas também um grande missionário e benfeitor da Humanidade que muitos religiosos e materialistas de ontem e de hoje tentam empanar, mas a verdade é que a Codificação do Espiritismo é algo extraordinário, que brilha por si mesma ao revelar as relações do homem com o universo, por dar-lhe as chaves para desvendar os mistérios que tanto afligem a existência humana, dentre eles, o problema da morte que soube equacionar como nenhuma religião conseguiu, até hoje, fazê-lo.

Allan Kardec faleceu em Paris, no dia 31 de março de 1869, aos 65 anos de idade, devido a ruptura de um aneurisma. Seus restos mortais jazem no Cemitério do Père-lachaise, em Paris. Seu túmulo, onde se lê “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei” é permanentemente coberto de flores de gratidão por todos aqueles que conheceram a Doutrina Espírita e o mais visitado.





Homenagem a Allan Kardec

As exuberantes claridades do Século das Luzes não foram suficientes para arrancar a criatura humana do materialismo e do pessimismo. Enquanto as Escolas de pensamento se debatiam nas rudes procelas do cepticismo e da negação, apoiadas sobre os alicerces do mecanicismo científico, afirmando a morte do ser no momento da anóxia cerebral, igualmente alargavam-se os horizontes da investigação em torno da personalidade e do comportamento, da psique e da saúde mental, tentando-se compreender a estrutura profunda do inconsciente e da sua constituição neurológica. 

Teorias grandiosas apareciam com entusiasmo e emurcheciam dominadas por outras não menos esdrúxulas, que deslumbravam as mentes aturdidas e cansadas do Deus teológico e arbitrário, que atemorizava e punia sem compaixão em nome do amor que preconizava em Seu nome. 

Pensadores cristãos sinceros, não obstante, proclamavam a necessidade de uma releitura do Evangelho baseados na necessidade de uma renovação moral fundamentada em Deus e liberdade. Espíritos notáveis reencarnados, quais Lamennais, Lacordaire e outros lídimos servidores do Bem, após iniciarem a nova era do pensamento cristão através do seu periódico L'Avenir, convidando os teólogos e estudiosos católicos a uma revisão dos textos evangélicos e aplicação mais consentânea com os dias de então, viram o seu órgão ser fechado pela intolerância clerical, em tentativa cruel de silenciar-lhes a voz, mas não desistindo de dar prosseguimento à luta em favor de uma sociedade feliz e realmente cristã conforme os postulados enunciados e vividos por Jesus. 

Dessa forma, pairava na psicosfera cultural da França e do mundo, algo de extraordinário que deveria acontecer para alterar completamente e por definitivo a conduta religiosa que se debatia nos estertores da obstinação medieval, sobrevivente a todos os avançados passos do conhecimento existente. Eram os prenúncios da chegada do Espiritismo, cujos missionários responsáveis pelo ministério já se encontravam reencarnados uns, enquanto os outros preparavam a instalação da Nova Era. 

O materialismo vigoroso era a resposta das conquistas logradas nos laboratórios e da reação filosófica de homens e mulheres que não mais se submetiam aos ditames escravocratas das paixões que produziam o fanatismo religioso, sempre distante da realidade, porém, dominante e perverso. 

A razão, naqueles dias, libertava-se dos grilhões do magister dixit e a severa vigilância na literatura que somente podia proclamar aquilo que estivesse sob os ditames da revisão religiosa autorizada pelo Imprimatur da Igreja começava a perder força e poder. O panfletismo e as impressões desautorizadas sacudiam as mentes e os corações que aspiravam por liberdade abrindo os horizontes da fé para novas conceituações e procedimentos. 

Foi nesse báratro que surgiu O Livro dos Espíritos, publicado pela coragem moral e cultural de Allan Kardec, graças ao compromisso estabelecido com o Sr. Dentu e mantido pela sua viúva Sra. Mélanie, que lhe honrou a memória, ensejando a impostergável revisão e reestudo da doutrina de Jesus sob a óptica da Razão e da Ciência, confirmando a indestrutibilidade do Espírito, a sua comunicabilidade com os seres humanos, a reencarnação, e apresentando a ética-moral que ressuma do Seu Evangelho, e que se encontrava mergulhada no abismo da ignorância e dos interesses subalternos. 

Com as novas propostas espíritas, os camartelos do bom senso e da investigação abriram as carcomidas bases das religiões dominantes, facultando novas incursões filosóficas na interpretação dos textos de Jesus e dos Seus discípulos, que trouxeram coragem e alegria de viver aos milhões de sofredores aquartelados nos sombrios redutos da ignorância, do medo ou do desespero e da revolta... 

O Espiritismo veio confirmar a promessa de O Consolador proposta por Jesus antes de despedir-se dos amigos, com os notáveis instrumentos da investigação científica e do pensamento ético, ensejando a religião do amor e da razão, únicos requisitos que podem oferecer resistência contra o mal e a perversidade histórica sempre presente nos comportamentos humanos. 

Inesperadamente, face ao cinismo e à vulgaridade que o materialismo propunha ao comportamento com expressões hedonistas desgastantes, sentindo-se aturdido e desestruturado, levantou-se para exterminar o Espiritismo utilizando-se do ridículo que antes dirigia aos clérigos e religiosos outros para atingir os médiuns, que eram acusados de charlatães ou de psicopatas, não ocultando os estertores agônicos em que se estorcegava. 

Enquanto os religiosos levantavam bandeiras de nova caça às bruxas, repetindo os desgastados refrões medievais, de intervenção demoníaca na sua conduta, o cepticismo orgulhoso e vão ridicularizava a mediunidade e os espíritas utilizando-se de epítetos chulos e mesquinhos, para subestimarem a nova revolução que ignoravam, não tendo a coragem cultural de se dedicarem ao seu estudo e análise. É sempre mais fácil combater o que se ignora, mantendo-se na presunçosa figuração de sapiente do que reconhecer os próprios limites, avançando sempre no rumo de enobrecida erudição. Isto porque, o conhecimento que realmente liberta, impõe conduta compatível com as informações constatadas exigindo radical mudança dos hábitos doentios e primários com os quais se encontra acostumado o indivíduo, para galgar um patamar mais elevado de comportamento, que exige esforço, porém compensa pela plenitude que propicia. 

O Espiritismo é uma ciência de profundas conseqüências ético-morais por estruturar-se na compreensão de uma filosofia existencial estribada no comportamento saudável. De nada adiantaria o conhecimento da imortalidade da alma e os efeitos da sua conduta terrestre, se não proporcionasse uma alteração real na maneira de ser do indivíduo que lhe assimila os paradigmas. Exige, portanto, expressivo esforço do seu adepto para se adequar aos seus impositivos doutrinários. 

Sobrevivendo ao Século das Luzes que pôde mais clarear com as estrelas fulgurantes das suas propostas, venceu sobranceiro o Século da Ciência e da Tecnologia, sem que qualquer um dos seus postulados sofresse alteração ou fosse superado, antes confirmados pelas diferentes áreas da investigação científica, seja na Física Quântica, quanto na Biologia Molecular, na Psicologia Transpessoal, quanto na Embriogenia, havendo enfrentado as mais avançadas conquistas revolucionárias dos últimos tempos quais os transplantes de órgãos, a criogenia, a clonagem, a fecundação in vitro, a virusterapia... É o maior adversário da eutanásia, do aborto criminoso, da pena de morte, do suicídio, das guerras, sempre de pé contra o direito humano de matar, avançando estóico pelos caminhos do Terceiro Milênio com as suas propostas libertadoras e nobres, construindo o homem mais saudável, integral e a sociedade feliz por todos anelados.

Dessa forma, recordando o ínclito Codificador Allan Kardec, que abriu a cortina da Nova Era com o seu caráter invulgar de homem de bem, de erudição e de dignidade, nós, os Espíritos-espíritas agradecemos a sua contribuição e valor, por haver sido o excelente instrumento do Mundo espiritual para a Humanidade no momento mais grave do pensamento histórico de todos os tempos.
Vianna de Carvalho

Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na noite de 4 de junho de 2001, em Paris, França.

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