208º ANIVERSÁRIO DE ALLAN KARDEC
MAS, QUEM FOI ALLAN KARDEC E QUAL FOI SEU LEGADO ?
Allan Kardec – Pseudônimo de Hippolyte-Léon-Denizard Rivail,
codificador da Doutrina Espírita. Nasceu na cidade de Lyon, França em 03
de outubro de 1804, numa família com tradição na magistratura e na
advocacia.
Primorosamente educado, desde cedo demonstrou vivo interesse pelas
ciências, letras e filosofia. Estudou na escola de Pestalozzi, em
Yverdun, Suíça, onde, muito jovem, aos 14 anos, tornou-se mestre.
Pestalozzi teve-o como discípulo dileto, a quem, diversas vezes, confiou
a direção de sua renomada escola. O professor Rivail, como era conhecido, foi membro de importantes
sociedades científicas de seu tempo, inclusive, premiado pela Academia
Real de Arras. Foi o mais ativo propagador do método de Pestalozzi.
Casou-se em 6 de fevereiro de 1832 com Amélie Gabrielle Boudet, moça
inteligente e culta, com quem viveu uma relação harmoniosa, de plena
cumplicidade, mas não tiveram filhos.
Foi em 1854 que o professor Rivail ouviu falar, pela primeira vez, do
“fenômeno das mesas girantes”, porém, tempos depois, em 1855, o Sr. Fortier, um amigo de Rivail e
também estudioso do magnetismo, insistiu para que comparecesse a uma
dessas reuniões e presenciasse o fenômeno. Curioso, compareceu, e
intrigou-se com o fato das mesas responderem aos participantes
demonstrando conhecimentos e linguagem, por vezes, mais elaborada do que
a dos presentes. Assim, seu interesse pelo fenômeno aumentou e com o
tempo, após observações e estudos cada vez mais aprofundados,
convenceu-se e comprovou a intervenção de desencarnados (espíritos) no
fenômeno. Desse modo, através de um simples jogo de salão, é que a
espiritualidade maior se apresentou ao professor Rivail. Desde então o
insígne professor foi transformando-se em Allan Kardec, “O Codificador
da Doutrina Espírita”. Assim nos propiciou “O livro dos
Espíritos” em 1857; em 1858, iniciou a publicação de sua famosa “Revue
Spirite”; em 1861, deu lume ao “O Livro dos Médiuns”; em 1864 ao “O
Evangelho segundo o Espiritismo”; em 1865, ao “O Céu e o Inferno” e em
1868 à “A Gênese”, completando assim o pentateuco Espírita.
Allan Kardec revelou-se um grande homem, mas também um grande
missionário e benfeitor da Humanidade que muitos religiosos e
materialistas de ontem e de hoje tentam empanar, mas a verdade é que a
Codificação do Espiritismo é algo extraordinário, que brilha por si
mesma ao revelar as relações do homem com o universo, por dar-lhe as
chaves para desvendar os mistérios que tanto afligem a existência
humana, dentre eles, o problema da morte que soube equacionar como
nenhuma religião conseguiu, até hoje, fazê-lo.
Allan Kardec faleceu em Paris, no dia 31 de março de 1869, aos 65 anos
de idade, devido a ruptura de um aneurisma. Seus restos mortais jazem no
Cemitério do Père-lachaise, em Paris. Seu túmulo, onde se lê “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei” é permanentemente coberto de flores de gratidão por todos aqueles que conheceram a Doutrina Espírita e o mais visitado.
Homenagem a Allan Kardec
As exuberantes claridades do
Século das Luzes não foram suficientes para arrancar a criatura humana
do materialismo e do pessimismo. Enquanto as Escolas de pensamento se
debatiam nas rudes procelas do cepticismo e da negação, apoiadas sobre
os alicerces do mecanicismo científico, afirmando a morte do ser no
momento da anóxia cerebral, igualmente alargavam-se os horizontes da
investigação em torno da personalidade e do comportamento, da psique e
da saúde mental, tentando-se compreender a estrutura profunda do
inconsciente e da sua constituição neurológica.
Teorias grandiosas apareciam com entusiasmo e
emurcheciam dominadas por outras não menos esdrúxulas, que deslumbravam
as mentes aturdidas e cansadas do Deus teológico e arbitrário, que
atemorizava e punia sem compaixão em nome do amor que preconizava em Seu
nome.
Pensadores cristãos sinceros, não obstante,
proclamavam a necessidade de uma releitura do Evangelho baseados na
necessidade de uma renovação moral fundamentada em Deus e liberdade.
Espíritos notáveis reencarnados, quais Lamennais, Lacordaire e outros
lídimos servidores do Bem, após iniciarem a nova era do pensamento
cristão através do seu periódico L'Avenir, convidando os teólogos e
estudiosos católicos a uma revisão dos textos evangélicos e aplicação
mais consentânea com os dias de então, viram o seu órgão ser fechado
pela intolerância clerical, em tentativa cruel de silenciar-lhes a voz,
mas não desistindo de dar prosseguimento à luta em favor de uma
sociedade feliz e realmente cristã conforme os postulados enunciados e
vividos por Jesus.
Dessa forma, pairava na psicosfera cultural da França
e do mundo, algo de extraordinário que deveria acontecer para alterar
completamente e por definitivo a conduta religiosa que se debatia nos
estertores da obstinação medieval, sobrevivente a todos os avançados
passos do conhecimento existente. Eram os prenúncios da chegada do
Espiritismo, cujos missionários responsáveis pelo ministério já se
encontravam reencarnados uns, enquanto os outros preparavam a instalação
da Nova Era.
O materialismo vigoroso era a resposta das conquistas
logradas nos laboratórios e da reação filosófica de homens e mulheres
que não mais se submetiam aos ditames escravocratas das paixões que
produziam o fanatismo religioso, sempre distante da realidade, porém,
dominante e perverso.
A razão, naqueles dias, libertava-se dos grilhões do
magister dixit e a severa vigilância na literatura que somente podia
proclamar aquilo que estivesse sob os ditames da revisão religiosa
autorizada pelo Imprimatur da Igreja começava a perder força e poder. O
panfletismo e as impressões desautorizadas sacudiam as mentes e os
corações que aspiravam por liberdade abrindo os horizontes da fé para
novas conceituações e procedimentos.
Foi nesse báratro que surgiu O Livro dos Espíritos,
publicado pela coragem moral e cultural de Allan Kardec, graças ao
compromisso estabelecido com o Sr. Dentu e mantido pela sua viúva Sra.
Mélanie, que lhe honrou a memória, ensejando a impostergável revisão e
reestudo da doutrina de Jesus sob a óptica da Razão e da Ciência,
confirmando a indestrutibilidade do Espírito, a sua comunicabilidade com
os seres humanos, a reencarnação, e apresentando a ética-moral que
ressuma do Seu Evangelho, e que se encontrava mergulhada no abismo da
ignorância e dos interesses subalternos.
Com as novas propostas espíritas, os camartelos do
bom senso e da investigação abriram as carcomidas bases das religiões
dominantes, facultando novas incursões filosóficas na interpretação dos
textos de Jesus e dos Seus discípulos, que trouxeram coragem e alegria
de viver aos milhões de sofredores aquartelados nos sombrios redutos da
ignorância, do medo ou do desespero e da revolta...
O Espiritismo veio confirmar a promessa de O
Consolador proposta por Jesus antes de despedir-se dos amigos, com os
notáveis instrumentos da investigação científica e do pensamento ético,
ensejando a religião do amor e da razão, únicos requisitos que podem
oferecer resistência contra o mal e a perversidade histórica sempre
presente nos comportamentos humanos.
Inesperadamente, face ao cinismo e à vulgaridade que o
materialismo propunha ao comportamento com expressões hedonistas
desgastantes, sentindo-se aturdido e desestruturado, levantou-se para
exterminar o Espiritismo utilizando-se do ridículo que antes dirigia aos
clérigos e religiosos outros para atingir os médiuns, que eram acusados
de charlatães ou de psicopatas, não ocultando os estertores agônicos em
que se estorcegava.
Enquanto os religiosos levantavam bandeiras de nova
caça às bruxas, repetindo os desgastados refrões medievais, de
intervenção demoníaca na sua conduta, o cepticismo orgulhoso e vão
ridicularizava a mediunidade e os espíritas utilizando-se de epítetos
chulos e mesquinhos, para subestimarem a nova revolução que ignoravam,
não tendo a coragem cultural de se dedicarem ao seu estudo e análise. É
sempre mais fácil combater o que se ignora, mantendo-se na presunçosa
figuração de sapiente do que reconhecer os próprios limites, avançando
sempre no rumo de enobrecida erudição. Isto porque, o conhecimento que
realmente liberta, impõe conduta compatível com as informações
constatadas exigindo radical mudança dos hábitos doentios e primários
com os quais se encontra acostumado o indivíduo, para galgar um patamar
mais elevado de comportamento, que exige esforço, porém compensa pela
plenitude que propicia.
O Espiritismo é uma ciência de profundas
conseqüências ético-morais por estruturar-se na compreensão de uma
filosofia existencial estribada no comportamento saudável. De nada
adiantaria o conhecimento da imortalidade da alma e os efeitos da sua
conduta terrestre, se não proporcionasse uma alteração real na maneira
de ser do indivíduo que lhe assimila os paradigmas. Exige, portanto,
expressivo esforço do seu adepto para se adequar aos seus impositivos
doutrinários.
Sobrevivendo ao Século das Luzes que pôde mais
clarear com as estrelas fulgurantes das suas propostas, venceu
sobranceiro o Século da Ciência e da Tecnologia, sem que qualquer um dos
seus postulados sofresse alteração ou fosse superado, antes confirmados
pelas diferentes áreas da investigação científica, seja na Física
Quântica, quanto na Biologia Molecular, na Psicologia Transpessoal,
quanto na Embriogenia, havendo enfrentado as mais avançadas conquistas
revolucionárias dos últimos tempos quais os transplantes de órgãos, a
criogenia, a clonagem, a fecundação in vitro, a virusterapia... É o
maior adversário da eutanásia, do aborto criminoso, da pena de morte, do
suicídio, das guerras, sempre de pé contra o direito humano de matar,
avançando estóico pelos caminhos do Terceiro Milênio com as suas
propostas libertadoras e nobres, construindo o homem mais saudável,
integral e a sociedade feliz por todos anelados.
Dessa forma, recordando o ínclito Codificador Allan
Kardec, que abriu a cortina da Nova Era com o seu caráter invulgar de
homem de bem, de erudição e de dignidade, nós, os Espíritos-espíritas
agradecemos a sua contribuição e valor, por haver sido o excelente
instrumento do Mundo espiritual para a Humanidade no momento mais grave
do pensamento histórico de todos os tempos.
Vianna de Carvalho
Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na noite de 4 de junho de 2001, em Paris, França.
Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na noite de 4 de junho de 2001, em Paris, França.
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