"O Espiritismo respeita todas as religiões e doutrinas, valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou social. Reconhece, ainda, que “o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.

sábado, 23 de junho de 2012



 PSICOPICTÓGRAFIA  - Pintura Mediúnica



Entrevista com  Adriano Calsone,  trabalhador espírita na cidade de São Caetano do Sul, SP, médium de psicografia e de pintura. Com vocação para as artes plásticas, Adriano estudou o tema  com profundidade, visando a publicação de um livro que abordasse a pintura mediúnica na visão espírita. 





Com surgiu a ideia de escrever o livro sobre Pintura Mediúnica na visão espirita?

Esta pesquisa nasceu, primeiramente, por causa da minha própria necessidade de desvendar a mediunidade de pintura. Na primeira vez que trabalhei como médium de pintura, o meu corpo todo entrou numa espécie de choque, e aí o dirigente do GEAM, na época o Sr. Afonso Moreira Jr., me disse que havia uma fila de espíritos aguardando para pintar por meu intermédio. Como eu estava iniciando a minha mediunidade, desconfiei daquilo tudo e, a cada trabalho, minhas dúvidas não paravam de aumentar. Foi então que, por conta própria, comecei a pesquisar tal mediunidade: comprei todos os livros disponíveis que se aproximavam do tema (que na época não passavam de meia dúzia); fui buscar em Kardec, relatos sobre desenhos e pinturas mediúnicos; entrevistei médiuns in loco, etc. Quando me deparei, havia reunido um grande volume de informações, organizando-as posteriormente por meio de perguntas e respostas. Aí decidi compartilhar isso com as pessoas, principalmente com os médiuns de pintura, surgindo, assim, a ideia de um livro.

Definitivamente, eu insisti nessa ideia de fazer um livro depois de ter notado, nas diversas apresentações de Pintura Mediúnica as quais participei em São Paulo, que as plateias nos abordavam com frequência, questionando sobre os bastidores desse trabalho. Fui percebendo também que os médiuns de pintura, incluindo os iniciantes, como eu na época, literalmente “se fechavam” em dúvidas e auto-questionamentos. Entendi então que um livro sobre o tema seria uma confluência benéfica de ajuda para essas pessoas.


Faça-nos por favor uma sinopse do livro.

O nosso livro Pintura Mediúnica – A Visão Espírita em Ampla Pesquisa veio à lume após cinco anos de estudos sobre o tema. Nesse período, concluí que a maioria dos espíritas pouco sabem o que é e o que realmente representa a Pintura Mediúnica para o Espiritismo. Assim, esta obra traz o resultado de uma extensa pesquisa sobre a modalidade mediúnica da pintura, desvendando particularidades de um trabalho essencial como qualquer outro da mediunidade espírita.

E para facilitar o estudo sobre o tema, o livro foi estruturado por meio de 150 perguntas e respostas, tendo como base as diversas obras da Doutrina Espírita, dos tempos de Allan Kardec (1857), aos dias de hoje. O leitor também poderá conferir entrevistas e depoimentos exclusivos com médiuns de pintura, além de uma pesquisa de campo e um experimento científico.

Num tempo em que a Pintura Mediúnica ainda é vista pelos próprios espiritistas com preconceito e aversão – um verdadeiro tabu no meio espírita –, diante do pouco conhecimento e falta de informação sobre o assunto, esta pesquisa procura lançar uma semente na terra produtiva do Espiritismo, esperando que o leitor possa colher seus frutos e fartar-se sob a luz da razão e do discernimento, com o dever de semear outros grãos para uma futura colheita.


Pode nos falar sobre a utilidade da Pintura Mediúnica?

A Pintura Mediúnica tem algumas utilidades. Acredito que a mais importante é a sua ação espiritual por meio das cores. Sabemos que há instrutores espirituais responsáveis por um trabalho bastante definido no campo da terapêutica, com a finalidade, por exemplo, de realizar pintura específica a uma determinada pessoa. Isso, chamamos de “pintura direcionada”, onde o arranjo de cores na tela terá uma ação direta em quem a receberá. Não me refiro à cura física, mas, principalmente, ao reequilíbrio mental deste indivíduo, pela influência direta da cromoterapia, bastante acessível num trabalho artístico de pintura.

Outra utilização se volta aos próprios espíritos. Amigos artistas que desencarnam em situações lastimáveis, os que abusaram de seus dons artísticos, assim que tomam consciência de seus atos na espiritualidade, necessitam desses grupos de médiuns de pintura para se recomporem e, consequentemente, precisam trabalhar com as pinturas mediúnicas para experienciarem uma renovação educacional no campo moral, ético e disciplinar, além de que as trocas energéticas com esses médiuns, – por meio do fluido animalizado desses últimos –, ajudam tais espíritos no refazimento perispiritual, aos que, assim, se faça necessário.

Por fim, uma Pintura Mediúnica quando afixada, indubitavelmente, proporciona harmonização no ambiente, além de positivar os espaços com temáticas espirituais.


Há pinturas divulgadas por Kardec?

Talvez o registro mais evidente e memorável que Allan Kardec publicou sobre o desenho mediúnico foi o da Cepa (ramo de parreira), expressada no capítulo Prolegômeros em O Livro dos Espíritos. Vejamos as recomendações dos Espíritos para Allan Kardec:

— Colocará no cabeçalho deste livro a cepa que te desenhamos. Ela é o emblema do trabalho do Criador. Aí estão reunidos todos os princípios materiais que representam melhor o corpo e o Espírito. O corpo é a cepa; o Espírito é o licor; a alma ou Espírito ligado à matéria é o bago. O homem purifica o Espírito pelo trabalho e tu sabes que só mediante o trabalho do corpo o Espírito conquista conhecimentos. São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, O Espírito da Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg, etc.


Quais os melhores trabalhos mediúnicos que você pesquisou?

Não digo os melhores, mas talvez o mais intrigante e sensacional de todos os tempos são os trabalhos autenticamente mediúnicos do operário francês, quase analfabeto, Augustin Lesage (1876-1954). Jorge Rizzini e sua esposa Iracema Sapucaia tiveram a honra de traduzir o livro O fantástico Lesage, de Marie-Cristine Vitor, pesquisa a qual muito me impressionou.
Na França, Rizzini e Iracema contemplaram pessoalmente quadros apoteóticos — de beleza irrepetível! — que os Espíritos produziram através desse fantástico e humilde médium Augustin Lesage. Sob o comando de seus guias espirituais, entre os quais Leonardo Da Vinci, sujeitava-se a todo tipo de prova. Pintou em estilo egípcio no Instituto Metapsíquico Internacional, em Paris, sob o controle do cientista E’ugene Osty, presidente da instituição. Uma das telas media dois metros de altura por um e meio de largura. O médium, em transe, colocou na tela milhares de miniaturas pintadas a óleo que só podiam ser bem analisadas através de uma lupa. Lesage, como observou um de seus críticos, pintava rapidamente “como se fosse uma máquina, com precisão, sem intermitência”. Presenciou o fenô­meno, entre outros, Charles Richet (detentor do Prêmio Nobel) e o físico inglês Sir Oliver Lodge (da Sociedade Real da Inglaterra).


Qual a opinião de artistas e críticos sobre as pinturas mediúnicas?

Em primeiro lugar, é muito difícil artistas e críticos de arte (não-espíritas), admitirem a presença do espiritual na arte, porque, infelizmente, muitos deles são materialistas e até ateus. A bem da verdade, pouquíssimos deles admitem que exista a espiritualidade. Quando o pintor e escritor russo Wassily Kandinsky, que não era espírita, lançou, em 1911, o célebre Do Espiritual na Arte, estudo que trouxe grande relação com o Espiritismo por lançar ideias espiritualistas sobre a Arte, ele foi vilipendiado por críticos, e pelos seus próprios amigos pintores da época.

Hoje, quando um pintor ou um crítico de arte é convidado para avaliar uma Pintura Mediúnica, eles logo dizem que a composição está longe de ser autêntica porque, além de malfeita e realizada às pressas, não é possível que se admita, para eles, que um espírito (do além), dito famoso, colaborou com o médium na realização da tela.

E para piorar de vez esta relação, o médium assina a pintura com um pomposo “Monet”, ou mesmo com um contundente “Van Gogh”, que muitas vezes toma quase metade da tela, sob o pretexto de que foi o próprio espírito pintor que desejou assim firmá-la. Em verdade, poucos são os médiuns que admitem que a assinatura partiu da vontade deles próprios, e não dos Espíritos. É fato que essas assinaturas em telas mediúnicas, na maioria das vezes, não são dos Espíritos famosos que as firmam, além delas muito instigarem a vaidade nos médiuns. Todavia, para não configurar falsas identidades, sugerimos que os médiuns não assinem as telas mediúnicas.

Sabemos que os ditos “pintores famosos” podem até se manifestar, mas não fazem questão alguma de deixar suas firmas. Lembrando também que muitos desses grandes mestres já reencarnaram.

O que frequentemente ocorre nessas apresentações, ou em reuniões fechadas, é a presença espiritual de grupos de pintores, muitos deles, espíritos estudantes/aprendizes de determinadas escolas artísticas, com as quais se propuseram a trabalhar na espiritualidade. Esses pintores astrais, acompanhados por instrutores, se apresentam em reuniões sérias para deixarem nas Pinturas Mediúnicas, e também nos médiuns, suas “impressões artísticas”, que podem estar na linha cubista, expressionista, impressionista, abstrata, ou numa escola completamente estranha, que não exista na Terra, por exemplo. Enfim, está mais do que na hora de nós médiuns assumirmos as responsabilidades deste trabalho!


As suas despedidas dos nossos leitores

É péssimo saber que ainda estamos muito longe de um ideal de discernimento deste trabalho, entre nós espiritistas, principalmente quando se dá a cara para bater, vivendo na pele, a experiência de ser um médium de pintura, como é o meu caso. Mas só o fato de termos a oportunidade, como nesta entrevista, de falar desses paradigmas e preconceitos, e comentá-los também nas casas espíritas, já configura um tipo de abertura ao bate-papo fraterno. É um sinal também de que essas monoideias têm o seu prazo de validade.

Quero deixar claro ao leitor que os nossos depoimentos aqui não tiveram como objetivo o de criar conceitos a serem seguidos, pois sabemos que as vivências mediúnicas nunca são iguais, muito menos estabelecer o que é certo ou o que está errado neste trabalho. O nosso propósito, inclusive com o livro, é o de abrir espaço para discussões, permutar ideias, reunir conhecimentos e, sobretudo, incentivar o desenvolvimento desta mediunidade nas casas espíritas, para que possamos melhor trabalhar e compreender os seus mecanismos.

Grato pela oportunidade! Fale com o autor, ou adquira o nosso livro pelo e-mail: pintura-mediunica@live.com.
Livro “Pintura Mediúnica - A Visão Espírita em Ampla Pesquisa”, de Adriano Calsone. Parte da renda obtida com a venda de nosso livro, será revertida ao Grupo Espírita de Trabalho Misail, a qual participo.

Adriano no lançamento do livro, com o apoio cultural da Prefeitura de São Caetano do Sul.


Grupo Espírita de Trabalho Misail. Mais informações pelo site: http://getm.org.br/.


A Cepa, desenhada pelos Espíritos a Kardec, se encontra no Prolegômenos de “O Livro dos Espíritos”. Um dos primeiros desenhos mediúnicos publicados na obra da Codificação.



Nos detalhes: o que aparentemente parecem borrões são, na verdade,
retratos (de costas) de entidades que tocam fogo em árvores.
Talvez, um protesto dos Espíritos contra o atual desmatamento em nosso País?
As “impressões” são mais importantes que as “assinaturas”. Não há a necessidade de saber qual o Espírito que a pintou.
Médium Adriano Calsone


Infelizmente, a Modelagem Mediúnica é um trabalho pouco conhecido e realizado no meio espírita. Considerada também uma das modalidades mediúnicas da Arte Espírita.
Médium Adriano Calsone

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