CULTURA DA
MORTE
Ainda
vivemos mergulhados na cultura da morte. Vamos nos deter em nosso país:
alem das muitas mortes nas estradas, da violência nas ruas e da fome ( sim, ela
ainda mata e muito por aqui ), avança-se na direção da legalização do
aborto. A violência, para usar uma expressão tão em voga, é
multidimensional, multifacetada. Interessante é que muitos que clamam por uma
sociedade justa ( e entendendo isso como uma sociedade pacificada ) são os que
defendem o esfacelar da vida no ventre materno, seja em caso da
anencefalia ou daqueles que foi proposto pela "comissão" junto ao
senado, quando a mulher não teria condições psicológicas de ser mãe.
Fica
claro a tremenda incoerência que permeia os que pensam e defendem tais ideias.
A vida não é vista como o grande bem do universo. Apoiam os direitos da mulher
ainda que estes direitos firam o primeiro de todos os direitos pertinentes aos
seres humanos: o direito à vida. A subjetividade com que se defrontarão os
avalistas dos casos referentes às condições psicológicas inexistentes em certas
mulheres que estão grávidas parece não ser levado em conta. E nem mesmo as
"falsas" impossibilidades que podem surgir no já tradicional jeitinho
brasileiro de se encontrar brechas para se extrair vantagens ( se é que existem
vantagens nestes casos ). Acrescente-se à isso a prática contumaz da
corrupção, capaz ( alguém duvida ? ) de proporcionar as condições
"adequadas" para que uma mulher aborte.
A cultura da morte persiste numa sociedade materialista e limitada em sua visão de vida. E a morte pode ser autorizada sobre tantas vidas. ( a dos que deliberam a respeito já está preservada, não é mesmo?)
Sinceramente,
como sair às ruas clamando por um mundo justo e em paz defendendo a cultura da
seleção, quem deve ou pode nascer? A sociedade "humanista" não
considera seres humanos os que são diferentes de si, pois, anencéfalos e outros
que apresentam alguma anomalia, estariam fadados à morrer ( ou acreditam que o
aborto do anencéfalo aprovado não abrirá outros precedentes ?). A própria
condição de serem fetos já seria ( no caso dos que defendem a legalização do
aborto ) motivo de diferenciá-los de um ser humano como se conhece, afinal, não
nasceram ainda!
Há quem
mate mendigos e prostitutas, drogados ou negros, pobres ou pertencentes a uma
religião não aceita por eles... há quem mate os que são fetos ou que são
limitados em sua formação fetal. Com certeza, argumentarão que não é a mesma
coisa. E sei, sim, que muitos que defendem o aborto jamais matariam os
elementos que citei acima. Desejo apenas fazer pensar por outro ângulo que
podemos estar apoiando aquilo que dizemos combater. Quem deseja a paz não pode
ansiar por algum tipo de morte. Quem prega direitos humanos, não pode esquecer
que o ser humano o é, no ventre ou fora dele. Quem não suporta ouvir o gemido
de alguém agredido no dia a dia do mundo deve apurar os ouvidos e saber que se
pode "escutar" o grito silencioso de quem deseja nascer e
experienciar o que tivemos direito de fazê - lo. Enfim, jamais fazer aos outros
o que não desejamos para nós.
Só quando
a cultura da vida for, coerentemente, experimentada em nós, seremos capazes de
conquistar um mundo equânime, generoso, justo e harmônico. Defender o ser
humano e o aborto, na prática, é como conciliar água e óleo.
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