"O Espiritismo respeita todas as religiões e doutrinas, valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou social. Reconhece, ainda, que “o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
ESPIRITISMO EM DEBATE
A convite
da EREM Justulino Ferreira Gomes no distrito de Umari, foi realizado um
encontro no dia 22 de maio que contou com a palestra de Josefa Gomes Nemésio
(D. Lêda) , dirigente do nosso Núcleo Espírita Sérgio Lourenço em Bom
Jardim.
Representanto
o espiritismo no Ciclo de Palestras com a temática da Diversidade Religiosa, D.
Lêda esclareceu a comunidade escolar sobre os mais diversos assuntos baseados
nos ensinamentos de Jesus e na doutrina espírita codificada por Allan Kardec.o
debate foi marcado pela participação dos alunos com formulação de diversas perguntas
e todas respondidas.
“Compreender
as diversidades culturais nas sociedades, com ênfase na religiosidade ao longo
da história é o objetivo principal do evento” -
postou o professor Edgar em seu blog.
O Espiritismo respeita todas as religiões e doutrinas,
valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela
confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens,
independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou
social. Reconhece, ainda, que “o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a
lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.(O Evangelho Segundo o Espiritismo cap.XVII, item 3)
Nós somos
gratos ao Pai Celestial que nos concede oportunidades para levar essa doutrina
consoladora a muitos. Confiantes na semeadura, rogamos ao mestre Jesus
juntamente com a equipe de benfeitores espirituais, que derrame chuva de benção
e paz para que "cresçam e redam fruto cem, sessenta e trinta por um". (Mat.
13:1-9)
Entrevista realizada com o médico Presidente da Associação
Médico-espírita de Minas Gerais, Andrei Moreira (foto ao lado).
Participa
ativamente do movimento espírita nacional e internacional, proferindo palestras
e seminários. Integra equipes de atendimento a pacientes com a metodologia
médico-espírita na Amemg. Presidente da Associação Médico-Espírita de Minas
Gerais, desde 2007. Autor do livro: "Cura e autocura – uma visão médico
espírita" – AME Editora, 2010.
"Segundo o relatório
Kinsey, extensa pesquisa sobre o comportamento sexual humano realizada nos
EUA na década de 60 do século XX, pelo biólogo Alfred Kinsey, tanto a
homossexualidade como a heterossexualidade absoluta são condições raras em
nossa sociedade".
Andrei Moreira
(Cartaz do filme "Minhas mães e meu
pai")
Wanderley
Oliveira - Homossexualidade é ou não uma doença à luz do
Espírito imortal? Andrei Moreira - “Desde 1973, a homossexualidade deixou de ser
classificada como tal pela Associação Americana de Psiquiatria. Em 1975 a
Associação Americana de Psicologia adotou o mesmo procedimento, deixando de
considerar a homossexualidade como doença. No Brasil, em 1985, o Conselho
Federal de Psicologia deixa de considerar a homossexualidade como um desvio
sexual e, em 1999, estabelece regras para a atuação dos psicólogos em relação à
questões de orientação sexual, declarando que "a homossexualidade não
constitui doença, nem distúrbio e nem perversão" e que os psicólogos não
colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura da
homossexualidade. No dia 17 de Maio de 1990 a Assembléia-geral da Organização
Mundial de Saúde (sigla OMS) retirou a homossexualidade da sua lista de doenças
mentais, a Classificação internacional de doenças (sigla CID). Por fim, em
1991, a Anistia Internacional passa a considerar a discriminação contra
homossexuais uma violação aos direitos humanos” - Wikypedia
A Homossexualidade,
segundo a ciência, é uma orientação afetivo-sexual normal. Sob o ponto de vista
espírita, tem sido catalogada por muitos escritores espíritas como doença ou
distúrbio da sexualidade, em franco desrespeito ao conhecimento científico
atual. Não há base no conhecimento espírita para se afirmar tal coisa. Não há
uma visão que seja consenso sobre o assunto no movimento espírita, mas há
excelentes textos dos espíritos André Luiz e Emmanuel nos direcionando o
pensamento e a reflexão para o respeito, acolhimento e inclusão da pessoa
homossexual, entendendo a homossexualidade como uma condição evolutiva natural
(e o termo “natural” como sinônimo de “presente na natureza”), decorrente de
múltiplos fatores, sempre individuais para cada espírito, construída ou
escolhida pelo espírito, em função de tarefas específicas ou provas redentoras,
incluindo aí as condições expiativas e reeducativas devidas a abusos
afetivo-sexuais no passado, que parecem ser a causa determinante da maior parte
das condições homossexuais, segundo a literatura espírita.
Wanderley
Oliveira - Qual a diferença entre orientação e escolha sexual?
Andrei Moreira - Orientação sexual representa o desejo e o
interesse afetivo-sexual (note bem: não somente sexual, mas também afetivo) do
indivíduo, decorrente de múltiplos fatores, os quais determinam com qual sexo
ele se sente realizado para uma parceria íntima. A orientação sexual é
fruto da história pessoal do indivíduo, presente e passada; é influenciada pela
cultura e pelas identificações psicológicas, porém não controlada ou determinada
conscientemente pelo indivíduo. Nasce-se com ela. Escolha é fruto da decisão
consciente de se viver ou não a orientação, aceitá-la ou reprimi-la, de acordo
com as idealizações e a pressão familiar-social-cultural do meio em que o
indivíduo se encontra reencarnado.
Wanderley Oliveira - O homem homossexual se sente uma mulher? A
mulher homossexual se sente um homem?
Andrei Moreira - De forma alguma. Identidade e orientação sexual
são coisas distintas. Identidade é como o indivíduo se sente, a qual sexo
pertence, com qual sexo se identifica psicologicamente. A orientação
homossexual representa exclusivamente o direcionamento do afeto e do interesse
sexual para indivíduos do mesmo sexo. O homem homossexual tem a sua identidade
masculina, sente-se homem, embora possa ou não ter trejeitos afeminados,
conforme sua história e identificação psicológica. Igualmente, a mulher
homossexual tem a identidade feminina, embora possa ter ou não trejeitos
masculinizados. Quando o indivíduo está em um corpo de um sexo, e sua
identidade é a do sexo oposto, dizemos que ele é transexual, que é diferente do
homossexual.
Wanderley Oliveira - Em todos os casos, o espírito já renasce
homossexual? É possível reverter essa orientação?
Andrei Moreira - Há uma diferença entre comportamento homossexual
e identidade afetivo-sexual homossexual. Observamos comportamentos homossexuais
em indivíduos com doenças psiquiátricas, entre presidiários e soldados em
guerra; nessas condições, na ausência da figura feminina, a prática sexual
entre iguais praticada por muitos como campo de liberação das tensões sexuais e
da busca do prazer. Isso não quer dizer que eles sejam homossexuais. O
indivíduo com identidade homossexual é aquele que se sente atraído afetiva e
sexualmente por pessoa do mesmo sexo, o que pode ser percebido ou descoberto em
diferentes fases da vida do indivíduo. Não podemos afirmar que todos os
homossexuais tenham nascido com essa orientação, pois a variedade de
manifestações nessa área nos remete a múltiplas causas, embora a literatura
mediúnica espírita nos informe de que em boa parte dos casos as pessoas
homossexuais trazem de seu passado espiritual a fonte de sua orientação
presente.
"Abstinência não representa educação
do desejo e da prática sexual. Contudo, pode ser uma etapa necessária em
certos casos, para a disciplina dos impulsos íntimos, de heterossexuais e
homossexuais, quando se percebam necessitados de controle do desejo e da
prática sem limites".
Andrei Moreira
(Cartaz do filme
"MilK")
Não
sendo, em si, uma condição maléfica para o indivíduo, mas neutra, podendo ser
positiva ou não, dependendo da forma como for vivenciada, não há necessidade de
reverter essa condição. A orientação da ciência médica e psicológica atual é de
que o indivíduo homossexual que não se aceita e sofre com isso deve ser
classificado como portador de transtorno egodistônico, e os esforços devem se
direcionar no sentido de auxiliá-lo a se aceitar e se amar tal qual é,
sentindo-se digno de amor e respeito, buscando relações que lhe fortaleçam o
autoamor e nas quais possa ser natural, espontâneo e verdadeiro, em busca de
sua felicidade e de seu progresso.
Há
religiosos e profissionais fundamentalistas que oferecem terapia e assistência
espiritual, sobretudo em igrejas evangélicas, para que o indivíduo se “cure” da
homossexualidade. Não há registros de casos bem sucedidos. O que frequentemente
se observa são indivíduos bissexuais alterando o direcionamento do seu afeto
para indivíduos do mesmo sexo, porém muitos deles têm relações sexuais
clandestinas com pessoas do mesmo sexo e nos procuram nos consultórios cheios
de culpa, medo e vergonha por não se sentirem “curados”. Além disso, há os
indivíduos homossexuais que decidem vestir a máscara de heterossexuais e por
algum tempo formam famílias; frequentemente, saem de casa após algum tempo para
viverem o que sentem como sua real atração afetivo-sexual.
Wanderley Oliveira - Existem casos de homossexualidade
desenvolvida exclusivamente pela educação na infância? Em caso afirmativo, é
possível reverter o processo?
Andrei Moreira - Segundo Freud, sim, o que não significa que seja
passível de reversão ou que haja necessidade disso. Segundo o Conselho Federal
de Psicologia a identidade e a orientação sexual estruturadas na infância não
são passíveis de reversão, e a homossexualidade não é uma condição que
necessite reversão, já que não é uma doença e muito menos um desvio moral.
Porém, na visão espírita, os benfeitores espirituais nos informam que o
espírito, ao reencarnar, já escolhe a natureza de suas provas e as condições
familiares sociais e pessoais necessárias ao seu progresso, conforme sua
consciência indique a necessidade de reparação dos equívocos do passado e de
melhoramento pessoal. Em outras situações, quando o espírito não se encontra
maduro para definir suas provas, elas são estabelecidas por orientadores
evolutivos, mas, ainda assim, são definidas previamente à reencarnação. Assim,
a família, o corpo que a pessoa tem e os principais pontos da existência já
estão definidos para patrocinar as condições necessárias ao progresso do
indivíduo. Além disso, o espírito traz impressos em si o fruto de suas
escolhas, o resultado de suas experiências passadas, em seu psiquismo e no
corpo espiritual, a determinar a identidade e a orientação sexual da presente
encarnação.
Wanderley Oliveira - Muitos consideram que a abstinência é uma
recomendação educativa no caso de homossexualidade. O que você acha?
Andrei Moreira - Abstinência não representa educação do desejo e da
prática sexual. Contudo, pode ser uma etapa necessária em certos casos, para a
disciplina dos impulsos íntimos, de heterossexuais e homossexuais, quando se
percebam necessitados de controle do desejo e da prática sem limites. Também
pode acontecer que tenham a condição de abstinência imposta pela misericórdia
divina como recurso emergencial de salvação perante circunstâncias de abusos
reiterados nessa área.
Diz
Ermance Dufaux, no livro Unidos para o Amor: “Abstinência nem sempre é solução
e pode ser apenas uma medida disciplinar sem que, necessariamente, signifique
um ato educativo. Por educar devemos entender, sobretudo, a desenvoltura de
qualidades íntimas capazes de nos habilitar ao trato moral seguro e proveitoso
com a vida. (...) A questão da sexualidade é pessoal, intransferível,
consciencial e a ética nesse campo passa por muitas e muitas adequações.”
O
Espiritismo recomenda a todas as criaturas a conscientização a respeito da
sacralidade do corpo físico e da sexualidade, como fonte criativa e criadora,
destinada a ser fonte de prazer físico e espiritual, sobretudo de realização
íntima para o ser humano, em todas as suas formas de expressão.
Sintetiza
Emmanuel, na introdução do livro Vida e Sexo: “(...) em torno do sexo, será
justo sintetizarmos todas as digressões nas normas seguintes: Não proibição,
mas educação. Não abstinência imposta, mas emprego digno, com o devido respeito
aos outros e a si mesmo. Não indisciplina, mas controle. Não impulso livre, mas
responsabilidade (grifos nossos). Fora disso, é teorizar simplesmente, para
depois aprender ou reaprender com a experiência. Sem isso, será enganar-nos,
lutar sem proveito, sofrer e recomeçar a obra da sublimação pessoal, tantas
vezes quantas se fizerem precisas, pelos mecanismos da reencarnação, porque a aplicação
do sexo, ante a luz do amor e da vida, é assunto pertinente à consciência de
cada um”.
Wanderley Oliveira - O homossexual não consegue de forma alguma ter
atração por pessoa do sexo oposto ou isso pode acontecer de forma natural?
Andrei Moreira - Segundo o relatório Kinsey, extensa pesquisa
sobre o comportamento sexual humano realizada nos EUA na década de 60 do século
XX, pelo biólogo Alfred Kinsey, tanto a homossexualidade como a
heterossexualidade absoluta são condições raras em nossa sociedade. A grande
maioria das pessoas tem uma condição de desejo predominante, em graus
variáveis. Por exemplo, uma pessoa pode ser 80% heterossexual e 20% homossexual
ou vice-versa. É natural, portanto, que uma atração heterossexual possa ocorrer
na vida de um indivíduo homossexual, o que muitas vezes é entendido pelo leigo
como “cura” da homossexualidade.
"Ser homossexual não é
sinônimo de ser promíscuo, inferior, afeminado (para homens) ou masculinizado
(para mulheres). Simplesmente atesta que o indivíduo se realiza sexual e
afetivamente no encontro entre iguais".
Andrei Moreira
(Cartaz do filme "Meninos não choram")
Emmanuel
nos esclarece a respeito dessa realidade no livro Vida e Sexo, cap.21: “através
de milênios e milênios, o Espírito passa por fileira imensa de reencarnações,
ora em posição de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que
sedimenta o fenômeno da bissexualidade, mais ou menos pronunciado, em quase
todas as criaturas. O homem e a mulher serão, desse modo, de maneira
respectiva, acentuadamente masculino ou acentuadamente feminina, sem
especificação psicológica absoluta.”
Podemos
compreender assim que todos os indivíduos trazem em sua intimidade a
possibilidade de se sentirem atraídos e se apaixonarem por alguém do mesmo sexo
(afinal de contas, a pessoa se apaixona por um indivíduo completo, e não pelo
seu corpo apenas). Isso não significa que vá ou necessite viver essa
situação. O psiquismo atende e responde ao impulso do espírito, que é
assexuado, mas que cumpre programas específicos em um ou outro sexo, conforme
definição anterior e necessidade evolutiva, inserido em um contexto sociocultural
que o limita na percepção e expressão do que vai em sua intimidade profunda.
Wanderley Oliveira - Homem
ou mulher que tenham fantasias com pessoas do mesmo sexo podem ser considerados
homossexuais?
Andrei Moreira - Na
adolescência as experiências homossexuais são naturais, definidas pela
psicologia como experiências de experimentação de uma identidade sexual em
formação; não atestam, necessariamente, a orientação homossexual. Já no adulto
a fantasia é uma das formas de expressão do desejo e da atração homoafetiva e
atestam a intimidade da criatura, mesmo que não sejam aceitas pela
personalidade consciente.
Wanderley Oliveira - Qual sua avaliação sobre como a comunidade
espírita trata a homossexualidade?
Andrei Moreira - Em geral, observamos uma abordagem superficial e
discriminatória por parte da comunidade espírita com os homossexuais e a
homossexualidade. É compreensível que seja assim, pois todo meio religioso lida
com idealizações e preconceitos seculares. Todavia, tal postura pode ser
modificada por meio do que recomenda Allan Kardec: estudo sério e aprofundado
de um tema para que se possa opinar sobre ele. É lamentável que nós, adeptos de
uma fé raciocinada, nos permitamos o mesmo comportamento dos religiosos
fundamentalistas.
Observa-se
muita opinião pessoal sem fundamento tomada como regra e lei. Tais opiniões
costumam ser destituídas de compaixão e amorosidade terminam por isolar o
indivíduo homossexual, tachando-o de doente, perturbado, promíscuo e/ou
obsediado. Às vezes ele é até mesmo afastado das atividades espíritas
habituais, como se fosse portador de grave moléstia que devesse receber
reprovação e crítica por parte da parcela heterossexual “normal” da sociedade.
Tais posturas são frequentemente embasadas no tradicional preconceito judaico-cristão-ocidental
de que a única e exclusiva função da sexualidade é a procriação humana, tomando
a parte pelo todo.
O
Espiritismo é uma doutrina livre e libertária, compromissada com o entendimento
da natureza íntima do ser humano e o progresso espiritual. Nos dá bases muito
ricas de entendimento do psiquismo e da sexualidade do espírito imortal, como
instrumentos divinos dados por Deus ao homem para seu aprimoramento e
felicidade. Além disso, nos oferece esclarecimento a respeito das condições e
situações determinadas pela liberdade do homem, que desvia esses instrumentos
superiores de suas funções sagradas.
É imprescindível que se extinga em nosso movimento o preconceito e que os
homossexuais tenham campo de trabalho, se dediquem ao estudo e à prática da
doutrina espírita, com a mesma naturalidade de heterossexuais. Isso, para que
compreendam o papel de sua condição em seu momento evolutivo e a utilizem com
respeito e dignidade com vistas ao equacionamento dos dramas internos, ao
cumprimento dos planos de trabalho específicos em sua proposta encarnatória e
ao seu progresso pessoal, da família e da sociedade da qual faz parte, da mesma
maneira como deve fazer o heterossexual.
"A
homossexualidade, independentemente da forma como se haja estruturado como condição
evolutiva momentânea do indivíduo, pode ser vivenciada com dignidade e ser um
rico campo de experimentação do afeto e construção do amor".
Andrei Moreira
(Cartaz do filme "O
segredo de Brokeback Mountain)
Wanderley
Oliveira - Como devem se comportar os pais espíritas de um indivíduo
que se descubra homossexual?
Andrei Moreira - Aos pais de uma pessoa homossexual cabe o acolhimento integral e amoroso
do indivíduo, com aceitação de sua condição, que nada mais é que uma das
características da personalidade. Ser homossexual não é sinônimo de ser
promíscuo, inferior, afeminado (para homens) ou masculinizado (para mulheres).
Simplesmente atesta que o indivíduo se realiza sexual e afetivamente no
encontro entre iguais. A pessoa homossexual deve receber a mesma instrução e
educação a respeito da sexualidade que os heterossexuais, a fim de bem
direcionar as suas energias e esforços no sentido da construção do afeto com
quem eleja como parceiro (a). A postura na vivência da sexualidade, para
homossexuais, deve ser a mesma aconselhada pelos espíritos a heterossexuais:
dignidade, respeito a si mesmo e ao outro, valorização da família, da
parceria afetiva profunda no casamento e dedicação da energia sexual criativa
em benefício da comunidade em que está inserido.
O acolhimento amoroso da família é fundamental para que o indivíduo homossexual
possa se aceitar, se compreender, entendendo o papel dessa condição em sua vida
atual, e para que se sinta digno e responsável perante suas escolhas. A luta,
para aqueles que vivem essa condição, é grande, a fim de afirmar a sua
autoestima em uma sociedade que banaliza a condição sexual e vulgariza a
diferença. A família é o núcleo onde se encontram corações compromissados em
projetos reencarnatórios comuns, com vínculos pessoais de cada um com o passado
daqueles que com eles convivem, devendo ser cada membro dessa célula da
sociedade, um esteio para que o melhor do outro venha à tona, por meio da
experiência amorosa.
Os pais de homossexuais poderão ler e compartilhar interessantes experiências
de outros pais no site e nos livros de Edith Modesto: http://www.gph.org.br e
Livros em: http://www.gph.org.br/publica.asp
Wanderley Oliveira - Gostaria de acrescentar algo?
Andrei Moreira - Romanos 14:14 “Eu sei, e estou certo no Senhor
Jesus, que nada é de si mesmo imundo a não ser para aquele que assim o
considera; para esse é imundo.”
Todas as experiências evolutivas onde estejam presentes o autorrespeito, a
autoconsideração, a autovalorização e o autoamor são experiências evolutivas
promotoras de progresso e evolução, pois aquele que se oferece essas condições
naturalmente as estende ao outro na vida. A homossexualidade, independentemente
da forma como se haja estruturado como condição evolutiva momentânea do indivíduo,
pode ser vivenciada com dignidade e ser um rico campo de experimentação do
afeto e construção do amor, desde que aqueles que a vivam se lembrem de que são
espíritos imortais e de que a vida na matéria é tempo de plantio para a
eternidade, no terreno do sentimento e das conquistas evolutivas propiciadas
pelo amor, em qualquer de suas infinitas manifestações.
Diz-nos Emmanuel no livro "Vida e Sexo", lição 21 – Homossexualidade,
ed. Feb:
“A coletividade humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os
conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate
simplesmente de sinais morfológicos, para se erguerem como agentes mais
elevados de definição da dignidade humana, de vez que a individualidade, em si,
exalta a vida comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bem de
todos ou a deprime pelo mal que causa com a parte que assume no jogo da
delinqüência.”
E
complementa André Luiz, no livro Sexo e destino – Cap. 5, pág 155 -
ed. Feb:
“(...) no mundo porvindouro os irmãos reencarnados, tanto em condições normais
quanto em condições julgadas anormais, serão tratados em pé de igualdade, no
mesmo nível de dignidade humana, reparando-se as injustiças achacadas, há
séculos, contra aqueles que renascem sofrendo particularidades anômalas,
porquanto a perseguição e a crueldade com que são batidos pela sociedade humana
lhes impedem ou dificultam a execução dos encargos que trazem à existência
física, quando não fazem deles criaturas hipócritas, com necessidade de mentir
incessantemente para viver, sob o sol que a Bondade Divina acendeu em benefício
de todos.”
Para saber mais, indico, entre outros, os seguintes livros espíritas, com abordagens
responsáveis e bem fundamentadas sobre o assunto:
1- Vida e sexo, Emmanuel/Chico Xavier, em especial cap. 21 - ed. Feb
2- Sexo e destino e Ação e reação - ambos de André Luiz/Chico Xavier -
ed. feb
3- Além do Rosa e do Azul - Gibson Bastos - Ed. Celd
4- O Preço de ser Diferente (romance) - Ed. Vida e Consciência
5- Quem Perdoa, Liberta – José Mário/Wanderley Oliveira – Capítulo:
"Homoafetividade e Mediunidade"
6- A Desconfiança- Na razão que desconhece
o semelhante que procura trabalhar incessantemente
a favor dos outros.
7- O medo- Se nos isolarmos no remorso sem
procurar avançar apesar dos obstáculos.
8- A “Fofoca“- Na medida que acreditamos
e julgamos saber mais da vida alheia que da nossa.
9- O Orgulho- Ao patrocinarmos a divisão entre
as pessoas e colocarmos o personalismo
acima da fraternidade.
10- O Egoísmo- Com a intenção de buscarmos
o privilégio, acreditando que Deus nos elegeu
como criatura superior às demais.
Analisando nossas maiores dificuldades intimas,
chegamos a conclusão que elas se encontram
dominadas pelas próprias imperfeições e escondidas
diante de nossa consciência.
Qualquer exame mais apurado à luz do
Cristianismo Redivivo nos convidará a exercer
a caridade do alto-aperfeiçoamento para
a erradicação delas.
FÓRUM ESPÍRITA
terça-feira, 22 de maio de 2012
A BELEZA DE SER HUMANO
Abraçamos uma doutrina evolucionista por natureza. Sua estrutura
monolítica e entusiasmante nos aponta saltos cada vez mais magníficos na
direção de níveis e "reinos" cada vez mais belos , em dimensões cada
vez mais ricas. Sem dúvida que a condição humana não esgota a criação e
novos horizontes e realidades, em graus infinitos, nos esperam. Eu
queria, no entanto, ressalvar a beleza de ser humano. Não por uma
apologia ao estacionamento evolutivo. É que acho mesmo que Deus não cria
realidades destituídas de virtudes e belezas apropriadas. Não tenho
dúvida de que não alcançamos o ápice que o ser humano pode alcançar
enquanto a espécie que é. Tenho comigo o pensamento que Jesus não traria
a grandeza de seu Evangelho se não fosse ele o apogeu para onde ruma o
ser humano. Embora trate de vitudes que, com certeza, os anjos
vivenciam, o Evangelho é a força motriz que nos impele a alcançar a
grandeza da raça humana.
Mesmo com toda a imperfeição que nos caracteriza o estágio atual, dá
para se enxergar a beleza inserida nesse tumulto de quedas e
fragilidades, temores e equívocos. Quando tomados pela sanha alienante
de se exigir uma perfeição da qual estamos longe ( e pior, de cobrar dos
outros o que nós mesmos não temos para dar ), perdemos a capacidade de
enxergar a colossal riqueza de detalhes, a formar o belo mosaico humano.
A lágrima furtiva do que sofre resgnado; o pranto de desespero do que
tombou gravemente; a poesia dos sonhadores e enamorados e a ardencia dos
idealistas. Destaco, ainda, o heróico esforço dos que trabalham para o
aperfeiçoamento moral, acelerando os passos para alcançar a glória
espiritual que o ser humano pode comportar...
Creio que a indulgencia tem a ver com esse humanismo espiritual,
capaz de tecer com notas da mais encantadora ternura, a solidariedade
para com nossos irmãos de dificuldades morais. Há algo retumbante quando
vemos mãos amigas estendidas, sem julgamento, para aquele que caiu. E
não exatamente pelo fato desse que estendeu a mão estivesse imune à
quedas mas exatamente por se identificar com aquele que caiu. A saga da
superação de nossas limitações já exige, por si só, a mais profunda
solidariedade e o mais intenso respeito aos que lutam com suas
imperfeições. Estamos , todos, no mesmo barco.
Ah, a beleza de ser humano! Me encanta o heroísmo dos que não
obtiveram o exito esperado e, apesar disso, prosseguem. Sinto um intenso
sentimento de integração com essa leva imensa de criaturas temerosas da
"morte" e sem conhecimento de sua própria riqueza interior. Não dá para
empinar o nariz quando se tem o minimo de conhecimento da própria
limitação. Somos uma imensa família caminhando da obscuridade para o
brilho estelar; do terreno grosseiro e pedregoso para a fluidez das
dimensões etéreas ( e nem por isso, menos real ). Uns mais aperfeiçoados
devem se esforçar para auxiliar os que ainda se situam mais à
retaguarda. Assim, essa família trilha seu destino para a glória das
estrelas. Até alcançar realidades mais transcendentes, descubramos toda a
beleza de se ser humano, toda a ternura que isto pode despertar em nós,
tornando nosso mundo melhor.
Todo conhecimento superior que se adquire visa ao
desenvolvimento moral e espiritual do ser. No que diz respeito às conquistas
imortais, a responsabilidade cresce na razão direta daquilo que se assimila.
Ninguém tem o direito de acender uma candeia e ocultá-la sob o alqueire, quando
há o predomínio de sombras solicitando claridade.
A
consciência esclarecida, portanto, não se pode omitir quando convidada ao
serviço de libertação da ignorância de outras em aturdimento. Somos células
pulsantes do organismo universal, e quando alguém está enfermo, debilitado,
detido no cárcere do desconhecimento, o seu estado se reflete no conjunto
solicitando cooperação. Jesus é o exemplo dessa solidariedade, porque jamais se
escusou, nunca se deteve, avançando sempre e convidando todos aqueles que
permaneciam na retaguarda para segui-Lo. Esse é o compromisso do ser
inteligente na Terra e no Espaço: socorrer em nome do amor os irmãos que se
detêm ergastulados no erro, no desconhecimento, na dor...
A Humanidade, desde priscas
Eras, tem recebido a iluminação que verte do Alto. Nunca faltaram os
missionários do Bem e da Verdade conclamando à ascensão, à superação das
imperfeições morais. Em época alguma e em lugar nenhum deixou de brilhar a
chama da esperança em nome de Nosso Pai, que enviou os Seus apóstolos ao
Planeta, a fim de que todas as criaturas tivessem as mesmas chances de
auto-realização e de crescimento interior. Todos eles, os nobres Mensageiros da
Luz, desempenharam as suas atividades em elevados climas de enobrecimento e de
abnegação, que deles fizeram líderes do pensamento de cada povo, de todos os
povos.
Foi, no entanto, Jesus, quem
melhor se doou à Humanidade, ensinando pelo exemplo e dedicação até à morte, e
oferecendo carinho até hoje, aguardando com paciência infinita que as Suas
ovelhas retornem ao aprisco. Apesar das Suas magníficas lições, o ser humano
alterou o rumo da Sua proposta de lídima fraternidade, promovendo guerras de
extermínio, elaborando castas separatistas, elegendo ilusões para a conquista
do reino terrestre... Sabendo, por antecipação, dessa peculiaridade da alma
humana, o Mestre prometeu o Consolador que viria para erguer em definitivo os
combalidos na luta, permanecendo com as criaturas até o fim dos tempos...
E o Consolador veio. Ao ser
apresentado no Espiritismo, surgiram incontáveis possibilidades de edificação
humana, pelo fato de a Doutrina abarcar os vários segmentos complexos e
profundos da Ciência, da Filosofia e da Religião, contribuindo em todas as
áreas do conhecimento e da emoção para o desenvolvimento dos valores eternos e
a conseqüente consolidação do reino de Deus na Terra. Expandindo-se a
Codificação kardequiana, as multidões esfaimadas de paz e atormentadas por
vários fatores, acercaram-se e continuam abeberando-se na fonte generosa e
rica, para serem atendidas, sorvendo os seus sábios ensinamentos.
Quando, porém, deveriam estar modificados os rumos
convencionais e estabelecidos a fraternidade, a solidariedade, a tolerância, o
trabalho de amor na família que se expande, começam a surgir desavenças,
ressentimentos, conflitos, campanhas de perturbação e ataques grosseiros,
repetindo-se as infelizes disputas geradas pelo egoísmo e pela vã cegueira das
paixões dissolventes, conforme ocorreu no passado com o Cristianismo,
destruindo a sementeira ainda não concluída e ameaçando a ceifa que prometia
bênçãos. Espíritos uns, possuídos pelo desejo de servir, mergulham no corpo
conduzindo expectativas felizes para ampliar os horizontes do trabalho digno,
mas vítimas de si mesmos e do seu passado sombrio, restabelecem as vinculações
enfermiças, tombando nas malhas bem urdidas de obsessões cruéis, vitimados e
perdidos... Outros mais, que deveriam ser as pontes luminosas para o
intercâmbio entre as duas esferas vibratórias, açodados na inferioridade moral,
comprometem-se com os vícios dominantes no mundo e desertam das tarefas
redentoras...
Diversos
outros ainda, preparados para divulgar o pensamento libertador, deixam-se
vencer pelo bafio do egoísmo e do orgulho que deveriam combater, tornando-se
elementos perturbadores, devorados pela ira fácil e dominados pela presunção
geradora de ressentimentos e de ódios... A paisagem, que deveria apresentar-se
irisada pela luz do amor, torna-se sombreada pelos vapores da soberba e do
despautério, tornando-se palco de disputas vis e de promoções doentias do
personalismo, longe das seguras diretrizes do legítimo pensamento espírita...
Que estão fazendo aqueles que se comprometeram amar, ajudar-se reciprocamente,
fornecendo as certezas da imortalidade do Espírito e da Justiça Divina?
Enleados pelos vigorosos fios da soberba e da presunção, crêem-se especiais e
dotados com poderes de a tudo e a todos agredir e malsinar.
Como conseqüência dessa atitude enferma estão
desencarnando muito mal, incontáveis trabalhadores das lides espíritas que, ao
inverso, deveriam estar em condições felizes. O retorno de expressivo número
deles ao Grande Lar tem sido doloroso e angustiante, conforme constatamos nas
experiências vivenciadas em nossa Esfera de atividade fraternal e caridosa... O
silêncio em torno da questão já não é mais possível. Por essa razão, anuímos
que sejam trombeteadas as informações em torno da desencarnação atormentada de
muitos servidores da Era Nova em direção aos demais combatentes que se
encontram no mundo, para que se dêem conta de que desencarnar é desvestir-se da
carne, libertar-se dela e das suas vinculações, porém, é realidade totalmente
diversa e de mais difícil realização.
Felizmente nos confortam o testemunho
de inúmeros heróis do trabalho, os permanentes exemplificadores da caridade, a
constância no bem pelos vanguardeiros do serviço dignificante, os ativos
operários da mediunidade enobrecida e dedicada ao socorro espiritual, os
incansáveis divulgadores da verdade sem jaça e sem prepotência que continuam no
ministério abraçado em perfeita sintonia com as Esferas Elevadas de onde
procedem.
Quem assume compromisso com
Jesus através da Revelação Espírita, não se pode permitir o luxo de O abandonar
na curva do caminho, e seguir a sós, soberbo quão dominador, porque a morte o
aguarda no próximo trecho da viagem e o surpreenderá conforme se encontra, e
não, como se dará conta do quanto deveria estar melhor mais tarde.
A transitoriedade da
indumentária física é convite à reflexão em torno dos objetivos essenciais da
vida que, a cada momento, altera o rumo do viajante de acordo com o
comportamento a que se entrega. Ninguém se iluda, nem tampouco iluda aos
demais. A consciência, por mais se demore anestesiada, sempre desperta com
rigor, convidando o ser ao ajustamento moral e à regularização dos equívocos
deixados no trajeto percorrido. Todos quantos aqui nos encontramos reunidos,
conhecemos a dificuldade do trânsito físico, porque já o vivenciamos diversas
vezes, e ainda o temos vivo na memória e nos testemunhos a que fomos
convocados. Ninguém esteve na Terra em regime de exceção. Apesar disso,
bendizemos as dificuldades e as provas que nos estimularam ao avanço e à
conquista da paz.
Provavelmente, estas
informações, quando forem conhecidas por muitos correligionários, serão
contraditadas e mesmo combatidas. Nunca faltam aqueles que se entregam à
zombaria e à aguerrida oposição. Os seus estímulos funcionam melhor quando
estão contra algo ou alguém. Não nos preocupamos com isso. Cumpre-nos, porém, o
dever de informar com segurança, e o fazemos com o pensamento e a emoção
direcionados para a Verdade. Como os reencarnados de hoje serão os
desencarnados de amanhã, e certamente o inverso acontecerá, os companheiros
terrestres constatarão e se cientificarão de visu. Jamais nos cansaremos de
amar e de servir, tentando seguir as luminosas pegadas de Jesus, que nos
assinalou com sabedoria: Muitos serão chamados e poucos serão escolhidos. Sem a
pretensão de sermos escolhidos, por enquanto apenas pretendemos atender-Lhe ao
sublime chamado para o Seu serviço entre as criaturas humanas de ambos os
planos da vida.
(E
Eurípedes Barsanulfo encerra sua mensagem aos espíritas com esta emocionante
prece)
Amantíssimo
Pai, incomparável Criador do Universo e de tudo quanto nele pulsa!
Tende compaixão dos vossos filhos terrestres, mergulhados nas sombras densas da
ignorância e do primarismo em que se demoram.
A vossa excelsa misericórdia tem-se consubstanciado em lições de vida e de
beleza em toda parte, convidando-nos, estúrdios que somos, ao despertamento
para a vossa grandeza e sabedoria infinita. Não obstante, continuamos
distraídos, distantes do dever que nos cabe atender.
Apiedai-vos da nossa pequenez e deixai-nos sentir o vosso inefável amor, que
nos rocia e quase não é percebido, a fim de alterarmos o comportamento que
vimos mantendo até este momento.
Enviaste-nos Jesus, o inexcedível Amigo dos deserdados e dos infelizes, depois
de inumeráveis Mensageiros da Luz, ouvimos-Lhe a voz, sensibilizamo-nos com o
Seu sacrifício, no entanto, desviamo-nos do roteiro que Ele nos traçou e
continua apontando. Tombando, porém, no abismo, por invigilância e leviandade,
tentamos reerguer-nos várias vezes, e nos ajudastes por compaixão, sem que essa
magnanimidade alterasse por definitivo nossa maneira de ser durante os séculos
transatos.
Permitistes que Allan Kardec mergulhasse no corpo, a fim de desmonstrar-nos a
imortalidade da alma, quando campeava a descrença e a cegueira em torno da
Vossa Majestade, e também nos fascinamos com o mestre lionês. Logo depois,
porém, eis-nos perdidos no cipoal dos conflitos a que nos afeiçoamos,
experimentando sombra e dor, esquecidos das diretrizes apresentadas.
No limiar da Nova Era que se anuncia, permiti que vossa luz imarcescível nos
clareie por dentro, libertando-nos de toda treva e assinalando-nos com o
discernimento para vos amar e vos servir com devotamento e abnegação.
Excelso Genitor, tende piedade de nós, favorecendo-nos com o entendimento que
nos ajude a eliminar o mal que ainda se demora em nós, desenvolvendo o bem que
nos libertará para sempre da inferioridade que predomina em a nossa natureza
espiritual.
Sede, pois, louvado, por todo o sempre, Venerando Pai!
Nota:
Esta mensagem, de autoria de Eurípedes Barsanulfo, foi extraída do livro
Tormentos da obsessão, ditado pelo espírito Manoel P. de Miranda ao médium
Divaldo Pereira Franco (Livraria Espírita Alvorada, 2001, p. 316/323). Narra
Manoel P. de Miranda que a mensagem foi endereçada aos trabalhadores espíritas,
na casa de Barsanulfo, em uma reunião fraternal, na comunidade dirigida pelo
mesmo, onde existem algumas organizações dedicadas à educação, como o
Educandário Allan Kardec, e ao tratamento dos problemas da alma, como o
Hospital Esperança.
Mona Lisa
quarta-feira, 16 de maio de 2012
DAR A VOLTA POR CIMA
É impressionante como algumas pessoas sabem agir
com inteligência e bom senso diante das situações adversas que a vida lhes
apresenta.
Há algum tempo, um ator famoso
sofreu um assalto e foi ferido gravemente, ficando em coma por muito tempo. Os
dias se passaram, os meses se somaram e, apesar das limitações impostas ao
corpo físico, continuou lutando com bravura.
Gerson Brenner não se deixou
vencer pela soma de acontecimentos amargos e começou a grande luta para dar a
volta por cima e continuar vivendo, ainda que com graves limitações nos
movimentos do corpo.
Um narrador de futebol, não
menos famoso, sofreu um acidente de automóvel e ficou por longo tempo sem
contato com o mundo exterior.
Apesar das barreiras imensas
que tentavam isolá-lo do mundo, Osmar Santos empreendeu uma batalha acirrada e,
depois de longo tempo, conseguiu se comunicar com o mundo através da arte,
pintando quadros.
Ele conseguiu dar a volta por
cima e reinventar sua vida.
Um dia, um acidente de
ultraleve matou a esposa de um cantor popular e o jogou num leito de hospital
com graves ferimentos na medula e no cérebro.
Poucos acreditavam que ele
sairia dessa.
Mas Herbert Viana deu a volta
por cima, demonstrando rara coragem e uma disposição inabalável.
Surpreendendo médicos e
enfermeiros, ele aparece cantando e dedilhando sua guitarra para alegrar a enfermaria
repleta de pacientes que, como ele, enfrentam horas seguidas de fisioterapia.
Assim como essas pessoas
famosas, há também muitos heróis anônimos que dão a volta por cima e vencem
situações de extrema dificuldade.
E, ao contrário do que muita
gente pensa, essas são atitudes de pessoas que sabem usar a razão e o bom
senso.
Percebem que não há como
vencer, senão aceitando o desafio que as Leis maiores lhes oferecem, com
resignação e coragem.
Esses são os verdadeiros
vencedores, pois transformam uma situação aparentemente sem saída, numa nova
maneira de encarar a vida.
É como se admitissem a si
mesmas: Se Deus me ofereceu esta situação difícil é porque preciso aprender
alguma lição com ela. E é isso que vou fazer.
Nesse caso, é a obediência
consentida pela razão, e a resignação aceita pelo coração.
Essa é a posição de um filho
que confia no seu Pai e Dele sempre espera o melhor, ainda que esse melhor
chegue com aparência de desgraça.
Um filho que confia num Pai
amoroso e justo e procura retirar de cada situação uma lição a mais, um
aprendizado útil, mesmo que seja uma demonstração de coragem, de fé, de
humildade, de confiança.
E você? Já pensou nas lições
que Deus espera que aprenda com as situações que lhe apresenta?
Se ainda não havia pensado,
pense agora, ainda há tempo.
Considere que as provas sempre
guardam relação com o tipo de aprendizagem que precisamos demonstrar e são
proporcionais ao nosso grau de evolução.
Assim, se é a nossa paciência
que deve ser testada, teremos uma prova correspondente. Se é a humildade, uma
prova em que possa ser demonstrada, e assim por diante.
* * *
Conforme nos recomendou o
grande Apóstolo Paulo de Tarso, aprendamos a dar graças por tudo.
A flor agradece, com o seu
perfume, a terra escura que lhe permitiu nascer e florescer.
A borboleta dá graças ao casulo
desprovido de beleza que lhe permitiu efetuar a sensível metamorfose, bailando
no ar e contribuindo com a polinização.
Quando o enfermo recupera a
saúde, bendiz a dor que lhe trouxe a lição do equilíbrio.
Por todas essas razões,
aprendamos a agradecer a tempestade que renova, a luta que aperfeiçoa, o
sofrimento que ilumina.
Lembrando sempre que a alvorada
é dádiva do céu que surge após a noite escura na Terra.
Momento Espírita
segunda-feira, 14 de maio de 2012
A
escravidão no Brasil vista pela ótica espírita
A implantação
da escravatura em nosso País, uma das características do Brasil colonial objeto
do livro “O amor é para sempre”, de Cristina Sena, coincidiu
praticamente com o descobrimento, ou seja, poucos anos depois da chegada de
Pedro Álvares Cabral às terras brasileiras iniciava-se aqui o sistema
escravagista, analisado desta forma no cap. V do livro “Brasil, Coração do
Mundo, Pátria do Evangelho”, de autoria de Humberto de Campos, psicografado
pelo médium Chico Xavier:
“ – Ismael (disse Jesus ao protetor espiritual do Brasil), asserena teu mundo íntimo no cumprimento
dos sagrados deveres que te foram confiados. Bem sabes que os homens têm a sua
responsabilidade pessoal nos feitos que realizam em suas existências isoladas e
coletivas. Mas, se não podemos tolher-lhes aí a liberdade, também não podemos
esquecer que existe o instituto imortal da justiça divina, onde cada qual
receberá de conformidade com os seus atos.
Havia eu determinado que a Terra do Cruzeiro
se povoasse de raças humildes do planeta, buscando-se a colaboração dos povos
sofredores das regiões africanas; todavia, para que essa cooperação fosse
efetivada sem o atrito das armas, aproximei Portugal daquelas raças sofredoras,
sem violências de qualquer natureza. A colaboração africana deveria, pois,
verificar-se sem abalos perniciosos, no capítulo das minhas amorosas
determinações.
O homem branco da Europa, entretanto, está
prejudicado por uma educação espiritual condenável e deficiente. Desejando
entregar-se ao prazer fictício dos sentidos, procura eximir-se aos trabalhos pesados
da agricultura, alegando o pretexto dos climas considerados perniciosos. Eles
terão a liberdade de humilhar os seus irmãos, em face da grande lei do arbítrio
independente, embora limitado, instituído por Deus para reger a vida de todas
as criaturas, dentro dos sagrados imperativos da responsabilidade individual;
mas, os que praticarem o nefando comércio sofrerão, igualmente, o mesmo
martírio, nos dias do futuro, quando forem também vendidos e flagelados em
identidade de circunstâncias.
Na sua sede nociva de gozo, os homens
brancos ainda não perceberam que a evolução se processa pela prática do bem e
que todo o determinismo de Nosso Pai deve assinalar-se pelo ‘amai o próximo como a vós mesmos’.
Ignoram voluntariamente que o mal gera
outros males com um largo cortejo de sofrimentos. Contudo, através dessas
linhas tortuosas, impostas pela vontade livre das criaturas humanas, operarei
com a minha misericórdia. Colocarei a minha luz sobre essas sombras, amenizando
tão dolorosas crueldades. Prossegue com as tuas renúncias em favor do Evangelho
e confia na vitória da Providência Divina.”.
Depois de
registrar no seu livro a fala acima transcrita, Humberto de Campos (Espírito)
descreve as sucessivas provações que se abateram sobre Portugal e sua gente,
que desse modo expiavam a dor imposta aos africanos escravizados, e por fim
observa:
“Os filhos da África foram humilhados e
abatidos, no solo onde floresciam as suas bênçãos renovadoras e santificantes;
o Senhor, porém, lhes sustentou o coração oprimido, iluminando o calvário dos
seus indizíveis padecimentos com a lâmpada suave do seu inesgotável amor.
Através das linhas tortuosas dos homens, realizou Jesus os seus grandes e benditos
objetivos, porque os negros das costas africanas foram uma das pedras angulares
do monumento evangélico do Coração do Mundo. Sobre os seus ombros flagelados,
carrearam-se quase todos os elementos materiais para a organização física do Brasil
e, do manancial de humildade de seus corações resignados e tristes, nasceram
lições comovedoras, imunizando todos os espíritos contra os excessos do imperialismo
e do orgulho injustificáveis das outras nações do planeta, dotando-se a alma
brasileira dos mais belos sentimentos de fraternidade, de ternura e de perdão.” (Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, cap. V.)
* * *
Em abril de
1988, um mês antes da comemoração do primeiro centenário da Abolição da escravatura
no Brasil, A médium Irene Carvalho recebeu, na instituição A Comunhão Espírita
de Brasília, uma mensagem do Espírito daquela que foi
a Princesa Isabel, autora da célebre Lei
Áurea, e que hoje prefere
apresentar-se como uma “preta-velha”, forma de uma existência anterior que
também foi uma negra escrava.
Eis a
mensagem:
“Diletos
irmãos,
Abençoe-nos Jesus em Sua Luz.
O momento é de profunda reflexão. Neste instante,
ainda ouço o clamor do negro escravo, que mesmo depois de liberto chorava suas
dores, sem ter para onde ir. Reporto-me a esses dias com muita emoção.
Ao assinar a Lei Áurea, a minha mão foi conduzida por
outra mão mais forte. Uma enorme força brotou dentro de mim e mesmo que eu
quisesse não poderia retroceder. Foi um momento de enorme emoção e eu chorei.
O Brasil é sem dúvida um país de grandes dimensões e
haverá lugares para todos, se houver, realmente, uma compreensão maior por
parte daqueles que o governam. Dirijo-me a eles, em especial, afirmando que a
palavra empenhada recebe na Espiritualidade o selo dos grandes compromissos,
severamente inadiáveis. Que ninguém se iluda, pois a cobrança dos débitos será
sempre feita.
Que a semeadura do Evangelho chegue também aos
corações dos políticos e atinja as crianças que percorrem as ruas dos grandes
centros em busca do pão e da verdade, escravas da fome e do vício. Para elas a
única verdade é fugir do abandono. Alimentá-las não é o suficiente, mas sim
possibilitar-lhes um mundo melhor. Uma vida equilibrada para os escravos dos
novos tempos só será possível numa sociedade voltada para o bem e a
fraternidade.
Quem não recebe amor não o pode dar a outrem. Os que
fecham os olhos a essa dura realidade, de adultos e crianças subjugados a
condições subumanas, e especialmente os que se comprazem na existência de tal
condição, por fazer dela sua base de lucro e promoção pessoal, estes, sem
dúvida, podem ser considerados os novos feitores, como os de outrora...
Mãos à obra, brasileiros. Que o anjo Ismael continue a
proteger essa terra gigantesca, que dia a dia se destaca das demais,
convergindo tantas atenções e atraindo múltiplas famílias estrangeiras que
jamais a deixam.
Que o 13 de maio seja lembrado como uma
data simbólica, que nos desperte para as mais nobres realizações de libertação
do ser humano e não como um grito de angústia.
Dia há de chegar em que todos na Terra se abraçarão
como irmãos.